É comum em viagens ao litoral ou a áreas mais úmidas que alguém do grupo se identifique como um ímã de pernilongos. Muito se especula se é por conta do tipo sanguíneo, da alimentação ou se pela falta ou excesso de determinados nutrientes no sangue.
O segredo está na pele, ou melhor, no sebo que protege e mantém nossa pele hidratada. É o que revela um estudo liderado pela professora Leslie Vosshall, da Rockefeller University, nos Estados Unidos, que confirma a sabedoria popular de que algumas pessoas são, sim, mais atraentes para os pernilongos.
Publicada na revista Cell, a pesquisa indica que um alto volume de ácidos graxos na pele torna o indivíduo irresistível para os pernilongos, ou melhor, para as fêmeas, que preferem o sangue humano para alimentar seus ovos e nos localizam pelo odor.
Torneio indesejado
Os pesquisadores reuniram 64 voluntários ao longo de três anos para entender por que alguns indivíduos atraem mais pernilongos do que outros. Para isso, pediram que cada pessoa usasse uma meia de nylon no braço durante seis horas por dia ao longo de vários dias.
Depois disso, os cientistas colocaram duas dessas meias em uma caixa acrílica e liberaram alguns Aedes aegypti para que eles "escolhessem" uma das meias. Ao longo dos anos, os pesquisadores promoveram uma espécie de "torneio" entre todas as meias, mas desde o início um dos indivíduos se destacava como grande ímã de pernilongos.
Chamou atenção dos cientistas que o alvo preferido dos Aedes aegypti chegasse a ser quatro vezes mais chamativo para os mosquitos do que o segundo participante mais atraente do estudo, e incríveis 100 vezes mais atraente do que o menos atraente.
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A partir dos primeiros resultados, os cientistas tentaram criar em laboratório mosquitos incapazes de detectar humanos.
Nós produzimos principalmente duas classes de odores que os mosquitos detectam com dois conjuntos diferentes de receptores: Orco e IR. Os pesquisadores criaram mutantes nos quais faltavam um ou ambos os receptores.
Mutantes de Orco permaneceram atraídos por humanos e capazes de distinguir entre ímãs de mosquito e pessoas com baixa atração, enquanto mutantes de IR perderam sua atração por humanos em um grau variável, mas ainda mantiveram a capacidade de nos encontrar.
Essa resistência do rastreador de odores dos pernilongos pode indicar que sempre seremos presas para os irritantes insetos.
Ainda segundo os cientistas, um novo passo pode ser tentar reduzir a concentração dos ácidos por meio de produtos dermatológicos, já que eliminar a substância da pele seria prejudicial a nossa saúde.