Por que a Rússia invadiu a Ucrânia? Entenda o conflito

Putin reconheceu a independência das províncias separatistas ucranianas de Luhansk e Donetsk, na região da fronteira russa

Por Da redação

Depois de reunir milhares de soldados ao longo da fronteira, a Rússia iniciou os ataques contra a Ucrânia, bombardeando a capital, Kiev, além de cidades no leste e no sul do país. A invasão russa pode se transformar no maior conflito militar em solo europeu em décadas. Mas por que a Rússia quer invadir a Ucrânia?

A invasão começou pouco antes do amanhecer desta quinta-feira (24). Putin justificou o ataque afirmando que seria uma “operação militar especial” para "desmilitarizar" a Ucrânia. O bombardeio começou enquanto o Conselho de Segurança da ONU realizava uma reunião de emergência.

Putin já reconheceu a independência das províncias separatistas de Luhansk e Donetsk, que ficam na fronteira. Com isso, a Rússia poderia usar a defesa das reivindicações territoriais para lançar uma invasão ao restante do território ucraniano, afirmando que está protegendo os dois “novos Estados”. 

“O que nós temos hoje é claramente uma situação que era originalmente uma tentativa de colocar a Ucrânia sob o controle russo, que extrapolou para uma campanha [militar] muito mais ampla", explicou o ex-embaixador do Brasil em Kiev, Renato Marques, em entrevista ao BandNews TV.

Na avaliação de Guilherme Casarões, professor de Relações Internacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas), “o recado russo é de que a entrada da Ucrânia na Otan é completamente inaceitável da perspectiva russa”. “Se for garantido que a Ucrânia não fará parte da Otan, não entrará para a União Europeia e que o país terá um papel de neutralidade no Leste Europeu, assegurando as fronteiras da Rússia, não há razão para Moscou manter a presença militar na região”, avalia Casarões.

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Rússia x Ucrânia: Veja imagens da guerra
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Conjunto de prédios danificados em Mariupol, em 3 de abrilPavel Klimov/Reuters
Membros do Serviço de Emergência coletam munição russa na cidade de Bucha State Emergency Service in Kyiv Oblast via Reuters
Resgatistas retiram corpo de um civil após ataque russo a Irpin, em 1º de abrilGleb Garanich/Reuters
A Rússia acusou a Ucrânia de atacar um depósito de combustíveis em território russo na cidade de BelgorodReuters
Míssil russo deixa mortos e "buraco" em prédio do governo de Mykolaiv, perto de OdessaState Emergency Service of Ukraine via Reuters
Buraco atingiu vários andares no meio do prédio da sede do governo da cidade ucranianaNacho Doce/Reuters
Carro esportivo armado perto de prédio alvejado na administração estadual regional de MykolaivNacho Doce/Reuters
Membro do resgate observa destruição em parte do prédio da administração estadual regional de MykolaivState Emergency Service of Ukraine via Reuters
O governador regional, Vitaly Kim, afirmou que as equipes de resgate procuravam mais vítimas nos escombrosNacho Doce/Reuters
Sophia, 16, que foi separada da mãe, viúva, durante a guerra, abraça o seu irmão Mykhaylo, 8, em abrigo de Lviv, na Ucrânia Zohra Bensemra/Reuters
Voluntários cobrem estátua de Santo André em Kiev com sacos de areia para proteger o monumento de ataques russoVladyslav Musiienko/Reuters
Voluntário distribui comida doada para a população em Mykolaiv, no sul da UcrâniaNacho Doce/Reuters
Um mulher de Kharkiv reencontra amigas de Chernihiv após fuga para a RomêniaClodagh Kilcoyne/Reuters
Shopping na região de Kiev destruído após ataque russoMarko Djuricá/Reuters
Homem carrega cachorro pouco tempo após ataque russo que atingiu shopping center em KievSerhii Nuzhnenko/Reuters
A tenente Tetiana Chornovol, ex-deputada e que opera o sistema antitanque manuseia lançador que transportou seu carro em KievGleb Garanich/Reuters
Homem anda por área residencial de Kiev destruída em bombardeio russoMarko Djurica/Reuters
Membro das forças ucranianas checa a artilharia em sua base em KievGleb Garanich/Reuters
Mãe de Ivan Skrypnyk, major morto no ataque russo à base militar de Yavoriv, durante funeral em 17 de marçoPavlo Palamarchuk/Reuters
Pedaço de concreto sobre cama de apartamento residencial destruído em Kiev, em 17 de marçoThomas Peter/REUTERS
Escola é destruída durante bombardeio em Kharkiv, na UcrâniaOleksandr Lapshyn/Reuters
Voluntários brincam com crianças refugiadas da Ucrânia na PolôniaFabrizio Bensch/Reuters
Soldado ferido no ataque à base militar de Yavoriv em hospital local, em 13 de marçoKai Pfaffenbach/REUTERS
Região da base militar de Yavoriv após ataque aéreo russo, que deixou mais de 30 mortos em 13 de março@BackAndAlive/via Reuters
Bombeiros atuam em escombros de prédio atingido por mísseis em Kharkiv, em 14 de marçoVitalii Hnidyi/Reuters
Bombeiros de Kiev atuam para apagar incêndio em prédio residencial atingido por ataque russo, em 15 de marçoMarko Djurica/Reuters
Jornalista americano ferido em ataque em Irpin sendo atentido. Nessa ação, morreu o videodocumentarista Brent Renaud, em 12 de marçoReuters
Capelão militar abençoa soldado antes de ir para frente de batalha na região de Kiev, em 13 de marçoThomas Peter/Reuters
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky faz selfie com um soldado ferido em um hospital de Kiev, em 13 de marçoUkrainian Presidential Press Service via Reuters
Cratera em centro cultural atingido por explosivo em Byshiv, próxima à Kiev, em 12 de marçoThomas Peter/Reuters
Tanque destruído em área residencial de Volnovakha, na região separatista de Donetsk, em 12 de marçoAlexander Ermochenko/Reuters
Escombros de uma fabrica de sapatos após ataque russo em Dnipro, em 12 de marçoMykola Synelnikov/Reuters
Estádio Iuri Gagarin, em Chernihiv, danificado após ser alvo de explosivosFC Desna/Facebook/Divulgação
Estádio Iuri Gagarin, em Chernihiv, danificado após ser alvo de explosivosFC Desna/Facebook/Divulgação
Refugiados ucranianos atravessam a fronteira com a Romênia por balsaStoyan Nenov/Reuters
Civis que se voluntariaram para entrar para a Força de Defesa Territorial treinam com armas em Odessa, na UcrâniaAlexandros Avramidis/Reuters
Crianças dormem em centro esportivo convertido em centro de refugiados na PolôniaPiotr Skornicki/Agencja Wyborcza.pl via REUTERS
Monumento do Duque de Richelieu, fundador da cidade ucraniana de Odessa, foi quase todo coberto com sacos de areia para proteção contra ataques russosAlexandros Avramidis/Reuters
Homem carrega cachorro na fuga de Irpin, próxima a Kiev, em 9 de marçoMaksim Levin/REUTERS
Destruição em Sumy, uma das cidades mais atingidas pelos ataques e que tem corredor humanitário para fugaAndrey Mozgovoy/Reuters
Em Odessa, Esyea (6 anos) se despede da mãe em ônibus com refugiados. Ela está no colo da irmãAlexandros Avramidis/REUTERS
Em Irpin, policial se despede do filho, que fugiu com o resto da família por conta dos ataques russosThomas Peter/Reuters
Moradores de Irpin atravessam ponte danificada por bombardeio, em 7 de março. A cidade perto de Kiev é alvo de intensos ataquesCarlos Barria/Reuters
Antonov An-225 Mriya destruído no hangar do aeroporto de Hostomel em ataque no fim de fevereiroTV estatal russa/Reprodução
Parte de um míssil perto de um terminal de ônibus em Kiev, em 4 de marçoValentyn Ogirenko/Reuters
Mulher verifica destruição em casa atingida em Horlivka, na região separatista de Donetsk, em 4 de marçoAlexander Ermochenko/Reuters
Pessoas tentam embarcar em trem de Kiev para Lviv, em 4 de marçoGleb Garanich/Reuters
Bombeiro em destroços de escola atingida por bombas em Zhytomyr, em 4 de marçoViacheslav Ratynskyi/Reuters
Prédios residenciais após explosões em Borodyanka, na região de Kiev, em 3 de marçoMaksim Levin/Reuters
Comboio de veículos russos destruídos em Borodyanka, perto de Kiev, em 3 de marçoMaksim Levin/Reuters
Torre de TV atingida por explosivo em Kiev, em 1º de marçoReuters
Tanque destruído na cidade de Bucha, próxima de Kiev, em 2 de marçoSerhii Nuzhnenko/Reuters
Prédio do governo de Kharkiv após ser atingido por míssil russoCarlos Barria/Reuters
Sede do governo em Kharkiv é bombardeada nesta terça, 01 de marçoVyacheslav Madiyevskyy/Reuters
Edíficios residenciais destruídos por explosivos em Irpin, perto de Kiev, em 2 de marçoSerhii Nuzhnenko/Reuters
Gleb Garanich/ReutersPrédio em Kiev atingido e destruído por foguetes russos em 26 de fevereiro
Universidade Nacional de Kharkiv, danificada por ataques em 2 de marçoReuters
Casa destruída por ataque na região separatista de DonetskAlexander Ermochenko/Reuters
Vista da destruição de uma fábrica em Kharkiv, em 28 de fevereiroREUTERS
Criança brinca em parque diante de prédios atingidos por ataque em Kiev REUTERS/Umit Bektas
Área residencial nos arredores de Kiev atingida durante ataque russo REUTERS/Umit Bektas
Ponte destruída por explosivos em Bucha, cidade próxima a Kiev, em 28 de fevereiroMaksim Levin/Reuters
Prédio em Kharkiv danificado por bombardeios russos em 27 de fevereiro, na ação contra a segunda maior cidade da UcrâniaVitaliy Gnidyi/Reuters
A Rússia iniciou ofensiva contra a Ucrânia nesta quinta-feira (24)Ukrainian State Emergency Service/Handout via REUTERS
Interior de veículo russo Tigr-M destruído em Kharkiv, em 28 de fevereiroVitaliy Gnidyi/Reuters

Hoje, parte da população ucraniana (e mais nacionalista) que vive na região ocidental do país apoia uma maior integração com a Europa, enquanto a comunidade do leste, principalmente de língua russa, defende laços mais estreitos com Moscou.

A Ucrânia era parte da extinta União Soviética até declarar independência em agosto de 1991. O país era parte estratégica da URSS –era a segunda mais populosa das 15 repúblicas soviéticas e concentrava grande parte da produção agrícola, industrial e dos aparatos militares da região, incluindo a Frota do Mar Negro e parte do arsenal nuclear soviético. 

Mas os dois países possuem laços históricos que datam de séculos atrás e remetem à própria fundação de Kiev, a capital ucraniana, e das cidades russas.

Com o fim da União Soviética, a Ucrânia tinha o 3º maior arsenal atômico do mundo, embora não tivesse o controle operacional destas armas nucleares. Na década de 1990, EUA e Rússia trabalharam para desnuclearizar o país --Kiev abriu mão de suas ogivas nucleares para a Rússia, com garantias de que não seria atacada e suas fronteiras seriam respeitadas.

Com o colapso da URSS, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) iniciou a sua expansão para o leste, incorporando países ex-soviéticos, como Lituânia, Letônia, Estônia, além de Polônia, Romênia e outros países próximos da Rússia. Em 2008, quando autoridades da Otan sugeriram a entrada da Ucrânia, uma linha foi cruzada para Putin, já que o país era considerado área de influência russa.

Em seu discurso que reconheceu a independência das províncias separatistas ucranianas, Putin descreveu a desintegração soviética como uma catástrofe que tirou da Rússia o direito de estar entre as grandes potências do mundo. 

Em suas mais de duas décadas no poder, Putin investiu na reconstrução das Forças Armadas da Rússia e na reafirmação da influência geopolítica do Kremlin. Ele insiste que a Ucrânia é fundamentalmente parte cultural e histórica da Rússia. 

Putin quer garantias de que a Ucrânia e a Geórgia --outra ex-república soviética invadida pela Rússia em 2008-- não serão parte da aliança militar atlântica formada por 30 países. O presidente russo afirma que a expansão da Otan é uma ameaça existencial ao seu país. 

O tratado que constituiu a criação da Otan afirma que um ataque a qualquer país integrante aliança é tratado como uma ameaça ao grupo todo. Isso significa que qualquer movimento militar russo contra uma hipotética Ucrânia dentro da Otan colocaria o Kremlin em conflito com os EUA, o Reino Unido, a França e outros países europeus. 

Hoje a Ucrânia é quarto maior receptor de financiamentos militares dos EUA, e os serviços de inteligência dos dois países cooperam ativamente.

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Ucranianos tentam deixar o país após ataques da Rússia
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Ucranianos tentam deixar o país após ataques da RússiaREUTERS/Bryan Woolston
Ucranianos tentam deixar o país após ataques da RússiaREUTERS/Umit Bektas
Ucranianos tentam deixar o país após ataques da RússiaREUTERS TV/via REUTERS
Ucranianos tentam deixar o país após ataques da RússiaREUTERS TV/via REUTERS
Ucranianos tentam deixar o país após ataques da RússiaREUTERS/Bryan Woolston

Por que a Rússia ameaça a Ucrânia desta vez?

A atual crise entre Rússia e Ucrânia é uma sequência do conflito iniciado em 2014 --na ocasião, Moscou ocupou a Crimeia. Mas os recentes acontecimentos políticos na Ucrânia, nos EUA, na Europa e na Rússia ajudam a explicar o motivo pelo qual Putin elevou o tom agora.

Em 2014, protestos derrubaram o presidente ucraniano aliado de Moscou Viktor Yanukovych. Rapidamente, a Rússia invadiu e anexou a Crimeia, região da Ucrânia onde fica a base naval russa de Sevastopol e a Frota do Mar Negro.

Na ocasião, o Kremlin também fomentou as rebeliões separatistas de grupos pró-Russia em parte da região de Donbas, na fronteira entre Rússia e Ucrânia –conflito que já matou quase 15 mil pessoas. Este já é o conflito mais sangrento desde as guerras dos Balcãs, nos anos 1990, de acordo com o Council on Foreign Relations, think thank com sede nos EUA. 

Foi durante os confrontos de 2014 que um avião da Malaysia Airlines com quase 300 pessoas a bordo foi derrubado por um míssil. Investigações apontaram que a aeronave foi derrubada por um projétil lançado por movimentos separatistas.

Dominique Faget/AFP/Arquivo

Os acordos de Minsk, assinados em 2014 e 2015, previam um cessar-fogo entre o governo ucraniano e os separatistas apoiados pela Rússia, definindo um plano para as eleições nas regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, dando um status especial, com mais autonomia para as duas províncias e, ao mesmo tempo, reintegrando-as ao controle da Ucrânia. 

Mas a Rússia sempre apostou que os acordos de Minsk trariam as repúblicas separatistas para sua esfera de influência, visto que os governos locais –separatistas-- são alinhados ao Kremlin. Assim, uma restauração do controle por parte de Kiev ficaria inviável. Mas o acordo nunca foi colocado em prática.

Vídeo: Preocupação é que conflito se expanda pela Ucrânia, diz especialista

Assim como a Crimeia, Luhansk e Donetsk são duas regiões ucranianas cuja maioria da população é etnicamente russa –em algumas áreas, o russo é o idioma predominante. Além disso, a intervenção da Rússia na Ucrânia em 2014 provou ser imensamente popular entre a população, elevando os índices de aprovação de Putin acima de 80%.

Para a Europa e os EUA, as ações na Ucrânia são importantes porque funcionam como um indicador da influência e das intenções russas no resto da Europa, segundo explica o jornal The New York Times. O país não faz parte da União Europeia, mas recebe apoio financeiro e militar dos europeus. Neste caso, se a Rússia iniciasse uma guerra na Ucrânia, poderia ser um sinal de que Putin estaria disposto a ameaçar outras outras ex-repúblicas soviéticas que hoje são integrantes da aliança atlântica, como Estônia, Letônia e Lituânia.

O que é o gasoduto russo Nord Stream 2?

Entre as sanções anunciadas pelos europeus pela decisão russa de reconhecer a independência das províncias separatistas ucranianas, o chanceler alemão Olaf Scholz suspendeu a permissão para a abertura do gasoduto Nord Stream 2. Até agora, Berlim resistia em pausar o projeto, apesar da forte pressão dos Estados Unidos e de alguns países europeus.

Vídeo: EUA e europeus tentam criar conjunto de sanções efetivas contra a Rússia

A Rússia depende há décadas dos oleodutos que passam pela Ucrânia para bombear gás natural para clientes na Europa, e paga bilhões de dólares por ano em taxas de trânsito para Kiev. No entanto, no ano passado, Moscou concluiu a construção de seu gasoduto Nord Stream 2, que corre sob o Mar Báltico até a Alemanha. Ele foi construído paralelamente ao Nord Stream, que está funcionando desde 2011.

De acordo com a BBC, juntos, esses dois gasodutos podem fornecer 110 bilhões de metros cúbicos de gás para a Europa todos os anos. Isso é mais de um quarto de todo o gás que os países da União Europeia usam anualmente.

Embora a Rússia ainda vá utilizar os gasodutos que passam pela Ucrânia pelos próximos anos –até mesmo décadas—o temor é de que o Nord Stream 2 poderia permitir que a Rússia tenha maior influência geopolítica na Europa. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirma que o Nord Stream 2 é "uma arma política perigosa". 

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As reuniões de Putin em sua gigantesca mesa no Kremlin
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Putin recebe o presidente da França, Emmanuel Macron, em 7 de fevereiro de 2022Sputnik/Kremlin via REUTERS
Putin recebe o chanceler alemão, Olaf Scholz, em 15 de fevereiro de 2022 Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via REUTERS
Putin recebe o premiê da Hungria, Viktor Orbán, em 1 de fevereiro de 2022Mikhail Klimentyev/Russian Presidential Press and Information Office/TASS
Putin recebe o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em 19 de janeiro de 2022Sputnik/Pavel Bednyakov/Pool
Presidente da República, Jair Bolsonaro durante reunião com o Presidente da Russa, Vladmir PutinSputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via REUTERS

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