A Polícia Civil do Rio de Janeiro destruiu na quarta-feira (11) um memorial em homenagem aos 28 mortos na chacina do Jacarezinho. A estrutura havia sido inaugurada na última sexta (6), dia em que completou-se um ano da operação, a mais letal da história do Estado.
O memorial continha placas com o nome de todas as vítimas, inclusive o do policial André Leonardo Frias.
Agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) atuaram na destruição do monumento.
Uma corda foi amarrada em torno da estrutura e puxada por um ônibus blindado da polícia, conhecido como “Caveirão”, para derrubá-la.
Policiais também utilizaram marretas para quebrar o memorial.
A placa de alvenaria que foi destruída foi instalada por movimentos sociais e dizia que os mortos são "vítimas da política genocida e racista do Estado do Rio de Janeiro, que faz do Jacarezinho uma praça de guerra, para combater um mercado varejista de drogas que nunca vai deixar de existir".
"Nenhuma morte deve ser esquecida. Nenhuma chacina deve ser normalizada", dizia.
Em nota, a PM disse que o memorial era ilegal e que foi construído em homenagem a 27 traficantes —acusação falsa, segundo conclusão das investigações do Ministério Público.
A Promotoria constatou que duas das vítimas não eram ligadas ao crime e foram atingidas por acaso durante os confrontos. Mesmo que todos fossem traficantes, a polícia não tem licença para matar livremente.
A investigação do massacre chegou ao fim com 24 das 28 mortes arquivadas, sem elementos suficientes para confirmar o que realmente ocorreu naquele dia.
"Reforçamos que todas as vidas importam e que o Memorial é a representação do direito à memória que as famílias que perderam seus filhos têm, mesmo após o arquivamento das investigações sobre 24 das 28 mortes", disse em nota o Observatório Cidade Integrada.