A polícia de Berlim dispersou na noite de sábado (08/10) um grupo de dezenas de pessoas que se concentraram no distrito de Neukölln para celebrar o massacre de centenas de israelenses pelo grupo terrorista Hamas. Exibindo bandeiras palestinas, membros do grupo entoaram cantos contra Israel e distribuíram doces para os participantes, reunidos na via Sonnenallee, que fica numa área da capital alemã que conta com uma comunidade muçulmana significativa.
Inicialmente, a polícia pediu para que o grupo parasse de entoar cânticos de ódio contra Israel e de glorificação à violência. Após as ordens não serem obedecidas, mais de cem policiais começaram a intervir, efetuando detenções e dispersando a multidão. A situação escalou e houve confronto com a polícia. Mais cedo, jornalistas já haviam sido hostilizados por participantes da sinistra celebração.
Uma transmissão ao vivo da celebração foi publicada na conta do Instagram da rede pró-palestina Samidoun de Berlim, que organizou a manifestação. Após a polícia dispersar a manifestação pró-Hamas, a rede Samidoun reclamou da ação da polícia nas suas redes sociais. "A manifestação foi atacada pela polícia e vários manifestantes ficaram feridos. Esse fanatismo ao lidar com palestinos e apoiadores da causa palestina é um sinal claro de que a resistência na Palestina está deixando os ocupantes e seus apoiadores nervosos”, disse o grupo.
Indignação com celebração de massacre
A celebração da chacina de israelenses na capital alemã provocou indignação no meio político alemão. O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, que classificou neste domingo (08/10) os ataques do grupo Hamas a Israel como "atos bárbaros", disse que não aceitará "que os ataques hediondos contra Israel sejam celebrados" nas ruas da Alemanha.
"O sofrimento, a destruição e a morte de tantas pessoas não podem ser motivo de alegria".
Em reação ao episódio em Berlim, o deputado Dirk Wiese, do Partido Social-Democrata (SPD), a mesma legenda de Scholz, pediu medidas duras contra os apoiadores do Hamas na Alemanha. O grupo palestino é classificado como terrorista pela Alemanha.
"Qualquer solidariedade aqui na Alemanha com organizações terroristas como o Hamas ou o Hezbollah deve receber uma resposta dura e consistente usando todos os meios legais à nossa disposição, em particular a expulsão [da Alemanha] de acordo com a Seção 54, Parágrafo 1, No. 2 da Lei de Residência", disse Wiese ao jornal Rheinische Post.
O subprefeito de Neukölln, Martin Hikel, também condenou a celebração. "O fato de uma organização como Samidoun em Neukölln distribuir doces enquanto o terror cai sobre Israel é uma terrível glorificação de uma guerra horrível” Ele também pediu para que a rede seja banida.
O embaixador de Israel na Alemanha, Ron Prosor, também pediu que as autoridades alemãs tomem medidas duras contra rede Samidoun. Ele afirmou que a Samidoun é "um cavalo de Troia" que está abusando da democracia alemã. "O que são essas pessoas? São bárbaros", disse Prosor.
Outros políticos também expressaram horror com a celebração.
"Fiquei com vergonha de nossa cidade", disse o deputado estadual berlinense Dirk Stettner (CDU) declarou naquela noite "Tenho vergonha de nossa cidade". "Qualquer pessoa que comemore esses crimes nas ruas de Berlim ou nas redes sociais está se tornando cúmplice", disse a deputada federal Petra Pau (A Esquerda).
De acordo como Departamento de Proteção da Constituição em Berlim, a Samidoun foi fundada em 2011 por membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP), por sua vez um grupo fundado nos anos 1960 que mistura marxismo-leninismo e nacionalismo árabe e que décadas estava entre os mais proeminentes grupos palestinos. A PFLP é classificada como terrorista pela Alemanha e outros países da União Europeia.
Apoio a Israel na Alemanha
Apesar das cenas vistas em Neukölln, Berlim também foi palco de manifestações em solidariedade a Israel. No sábado, o Portão de Brandemburgo, principal símbolo da cidade, foi iluminado com as cores da bandeira de Israel. Dezenas de pessoas também se reuniram no mesmo local no domingo, empunhando bandeiras israelenses.
O governo do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, tem expressado deste repetidamente repúdio aos ataques do grupo Hamas e manifestado solidariedade a Israel. No sábado, dia do ataque do Hamas – grupo também classificado como terrorista pela Alemanha – Scholz já havia condenado as chacinas de civis israelenses pelos terroristas.
Neste domingo, em novas declarações, o chanceler federal afirmou que Israel tem o direito "de proteger seus cidadãos e perseguir os agressores". Scholz também afirmou que falou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e que assegurou que a Alemanha está "firme e inabalavelmente ao lado de Israel". "A segurança de Israel é de interesse nacional da Alemanha. Isso é especialmente verdadeiro em momentos difíceis como este. E nós agiremos de acordo".
A indignação do governo alemão, que mantém relações próximas com Israel, também deve ter outros desdobramentos. A ministra da Cooperação e Desenvolvimento do governo Scholz, Svenja Schulze, afirmou também neste domingo que a Alemanha pretende reexaminar a ajuda financeira de centenas de milhões de euros que o país fornece aos palestinos todos os anos.
O governo alemão também reforçou a segurança em torno dos edifícios da comunidade judaica e da embaixada israelense em Berlim, informou a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser. Ela também afirmou que autoridades de segurança da Alemanha monitoram "muito de perto possíveis simpatizantes do Hamas na esfera islâmica" do país.
jps (ots)