Dois homens foram presos pela Polícia Federal nesta quarta-feira (8) em São Paulo sob suspeita de planejar "atos extremistas" contra a comunidade judaica no Brasil a mando do Hisbolá, grupo radical islâmico financiado pelo Irã e que tem lançado ataques contra Israel a partir do Líbano desde a eclosão da guerra na Faixa de Gaza.
Os nomes dos homens foram mantidos em sigilo, mas, segundo a TV Globo, eles teriam feito viagens recentes a Beirute, capital do Líbano.
Além das prisões, a PF cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal. Segundo a corporação, a operação visa "interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país".
Há ainda outros dois mandados de prisão expedidos contra descendentes de libaneses que estão no Líbano, ainda segundo a TV Globo. Os nomes deles foram incluídos em uma lista da Interpol.
Os recrutadores e os recrutados são investigados pelos crimes de constituir ou integrar organização terrorista e realizar atos preparatórios de terrorismo, cujas penas máximas, se somadas, chegam a 15 anos e 6 meses de reclusão.
O que é o Hisbolá
Patrocinado pelo Irã, o Hisbolá – cujo nome significa "Partido de Deus" – é uma organização política e paramilitar islamista baseada no Líbano e classificada como organização terrorista por diversos países, incluindo os Estados Unidos, a Alemanha e países da Liga Árabe.
O Hisbolá tem lançado ataques constantes contra Israel desde que o país declarou guerra contra outro grupo radical islâmico, o Hamas, que controla o território palestino da Faixa de Gaza e, no dia 7 de outubro, promoveu uma série de atentados terroristas em Israel, massacrando ao menos 1.400 pessoas e sequestrando outras 240.
A intensificação das hostilidades na fronteira entre Israel e Líbano em meio à guerra em Gaza despertaram temores de uma expansão regional do conflito.
Assim como o Hamas, o Hisbolá também tem um braço político, mas seu poderio militar é maior, o que faz dele uma ameaça mais significativa à segurança de Israel.
PF já prendeu outro homem suspeito de elo com o Hisbolá antes
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a PF prendeu em 2018 um comerciante libanês acusado pelo governo americano de usar empresas de importação e exportação de eletrônicos na região da Tríplice Fronteira (Brasil, Colômbia e Peru) para enviar dinheiro ao Hisbolá no Líbano e na Síria.
Assad Ahmad Barakat, de 51 anos, já havia sido preso no Brasil em 2002 e extraditado para o Paraguai no ano seguinte, onde foi condenado pela Justiça, cumprindo pena de reclusão até 2008. Em entrevista ao jornal em 2002, o empresário disse que havia "uma grande ignorância no Ocidente" sobre o grupo.
ra/bl (ots)