A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (20) a operação Eldorado, com o objetivo de prender suspeitos de liderarem um esquema de contrabando e venda de ouro extraído de garimpos ilegais em Terras Indígenas Yanomami. A suspeita é que tenham movimentado quase R$ 6 bilhões com a ação.
São cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 40 de busca e apreensão nos estados de Roraima, Amazonas, Goiás e Distrito Federal, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Boa Vista-RR. Além dos mandados, a Justiça também determinou a indisponibilidade de ativos financeiros, veículos e aeronaves dos investigados.
“O esquema envolveria o contrabando de ouro venezuelano, o qual entraria clandestinamente no Brasil como pagamento pela exportação de alimentos por mercados de Roraima e do Amazonas”, informou a Polícia Federal.
Segundo a PF, transportadoras contratadas esconderiam no interior de caminhões o ouro contrabandeado, que entrariam em Roraima sem os procedimentos necessários e pagamento de tributos. Depois, o minério seria comprado por outros integrantes do esquema e enviado para empresas atuantes no ramo de exploração de minério aurífero, responsáveis por concretizar o pagamento aos supermercados e às distribuidoras de alimentos.
Operação em Manaus
A Polícia Federal e a Receita Federal também deflagraram uma ação conjunta em Manaus, no Amazonas, com o objetivo de desarticular esquemas criminosos envolvendo mineração ilegal de ouro.
Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca, além de outras medidas cautelares, nas cidades de Manaus (Amazonas), Anápolis (Goiás), Ilha Solteira (São Paulo), Uberlândia (Minas Gerais), Areia Branca (Rio Grande do Norte) e Ourilândia do Norte, Tucumã, e Santa Maria das Barreiras (Pará). A Justiça determinou o bloqueio de R$ 5,7 bilhões na operação.
“A Operação Emboabas, realizada no Amazonas, identificou indícios de contrabando de ouro para Europa após a prisão em flagrante de pessoa que transportava 35 kg de ouro, e pretendia entregar a dois norte-americanos, sócios de uma empresa em Nova Iorque”, informou a PF.
A investigação revelou que a organização criminosa adquire ouro de terras indígenas e leitos de rios com uso de dragas e, por meio de fraude, declara que o ouro foi extraído em permissões de lavra garimpeira (PLG) regularmente constituídas.
Também foi identificado que o alvo principal realiza o esquentamento do ouro através de um austríaco que se naturalizou brasileiro e afirma ter mais de mais R$ 20 bilhões em barras de ouro em um suposto país independente criado pelo próprio investigado.
Os investigados responderão pelos crimes de usurpação de bens da União, organização criminosa, lavagem de dinheiro, extração ilegal do ouro, contrabando, falsidade ideológica, receptação qualificada e outros tipos penais.