A Polícia Federal concluiu nesta sexta-feira (23) a Operação Prepori, que teve o objetivo de combater os crimes de desmatamento, corte seletivo e furto de bem da União no Parque Indígena do Xingu, na região dos municípios de Feliz Natal, Nova Ubiratã, Paranatinga e União do Sul, no Mato Grosso. As investigações constataram a atuação de uma organização criminosa composta por madeireiros locais e alguns líderes indígenas.
Segundo a PF, a operação surgiu a partir de inúmeras denúncias de extração ilegal de madeira na região do Entre Rios em Nova Ubiratã, em que uma organização criminosa composta por madeireiros locais e alguns líderes indígenas estariam conquistando grandes lucros com a atividade ilegal e impondo silêncio à maioria indígena descontente.
A ação no território indígena também é uma reivindicação dos próprios Caciques e Lideranças dos 16 Povos Indígenas do Parque Indígena do Xingu, conforme Carta da 8ª Governança Geral do Território Indígena do Xingu.
Peritos da Polícia Federal elaboraram laudos constatando em imagens de satélite a ocorrência de grande número de clareiras de extração recente de madeira em uma área degradada total de cerca de 7,8 mil hectares, madeira essa que em valores conservadores equivale a cerca de R$ 170 milhões.
Além disso, também foram constatadas áreas de extensão equivalente com cicatrizes de queimadas, que também possuíam índicos de exploração ilegal de madeira. O prejuízo proveniente da evasão/destruição de recursos florestais somado à degradação ambiental dentro da terra indígena foi estimado em cerca de R$ 1,7 bilhão.
“Equipes fizeram infiltrações por terra e ar em pontos específicos das terras indígenas indicados por análise de imagens de satélite de altíssima resolução do programa Brasil M.A.I.S. da Polícia Federal e constataram grande número de esplanadas de madeira com grande volume de toras recém abatidas, pátios de desdobramento de lascas e palanques feitos de essências florestais de grande valor como Itaúba, Morcegueira, Cambará e Angico. Durante a Operação foram destruídos tratores, maquinários e um caminhão toreiro”, informou a PF em nota.
Os dados, imagens e trilhas mapeadas integrarão um dossiê sobre a degradação do vale do alto Rio Xingu que reforçará inquérito policial a fim de agregar provas e solicitar a prisão dos autores, bem como a perda de seus bens.
Após a ação policial e administrativa no Parque Indígena, as investigações prosseguirão para responsabilizar os financiadores e demais envolvidos na extração ilegal de madeira no território indígena, ação criminosa que provoca grandes danos ao meio ambiente e à população indígena da região, além do desequilíbrio no mercado financeiro.