O serviço de inteligência israelense, o Mossad, agradeceu a Polícia Federal brasileira por desmantelar uma célula do grupo libanês Hezbollah (Partido de Deus), que se preparava para um atentado no Brasil.
Os nomes dos dois suspeitos presos em SP nesta quarta-feira não foram revelados. A PF nomeou de “Operação Trapiche” a investigação para “interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país”.
Um enviado do Hezbollah foi preso ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, vindo do Líbano, nesta manhã. Além das duas prisões, a PF cumpriu 11 mandados de busca e apreensão expedidos pela Subseção Judiciária de BH, em Minas, São Paulo e no Distrito Federal.
Os dois presos vão responder pelos crimes de constituir ou integrar uma organização terrorista, previstos na Lei de Terrorismo. São inafiançaveis.
O Hezbollah está diante das tropas israelenses na fronteira do sul do Líbano. É um grupo poderoso, treinado em combate, e dono de um arsenal de 150 mil mísseis, mais poderosos que os do Hamas, que não têm mira. O grupo esperava ordem de seu comandante, Hassan Nasrallah, para apoiar o Hamas entrando na guerra contra Israel. Mas a ordem não veio. Os EUA mantém dois porta-aviões no Mediterrâneo e Mar Vermelho, além de um submarino nuclear, para dissuadir quem quiser abrir uma nova frente na guerra, que chegou ao 33º dia, depois do massacre com 1.400 mortos, em 7 de outubro.
O rabino Adrian Gottfried, líder da comunidade conservadora-Masorti no Brasil, não ficou surpreso com as informações sobre a preparação de um atentado pelo Hezbollah: "Muitos judeus no Brasil têm sido complacentes e acreditam que algo assim nunca poderia acontecer aqui porque somos uma sociedade tão inclusiva e tolerante, mas eu sempre senti que era uma possibilidade, considerando as grandes populações palestinas e libanesas no país e o quão radicalizadas elas se tornaram nos últimos anos", ele declarou ao jornal israelense Haaretz.
O rabino Gottfried também disse que a comunidade judaica de SP está em alerta máximo desde o massacre do Hamas em Israel, em 7/10. E acrescentou: "Eu tinha certeza de que isso daria um grande impulso a todos os extremistas do mundo, inclusive do Brasil".