A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira (13), uma operação contra uma organização criminosa que atuava com o contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro. O grupo teria movimentado R$ 16,5 milhões em quatro anos, numa ação que levava brasileiros, ilegalmente, para os Estados Unidos.
A Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI), da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, deu apoio à PF. O nome da operação se chama “Yankee”.
A investigação foi iniciada em junho de 2021, a partir de informações sobre brasileiros vinculados à Rondônia envolvidos num esquema de contrabando de pessoas para os EUA. Segundo a polícia, havia o intermédio de uma organização criminosa sediada no estado.
A empresa investigada era responsável por todos os trâmites logísticos da viagem até o México, cuja o setor de imigração não possui a mesma rigidez dos EUA. Após a emissão do passaporte, compra de passagens, embarque e desembarque no país latino, os brasileiros tinham que seguir a pé ao território de língua inglesa, mesmo com os inúmeros perigos.
“Coiotes" faziam travessias
De acordo com a polícia, centenas de pessoas, a maioria residente em Rondônia, conseguiram passar para os EUA com o apoio dos “coiotes”, criminosos que auxiliam na travessia entre a fronteira mexicana e americana.
A organização tinha membros em outros estados e no próprio EUA. Porém, muitos dos que pagavam os valores cobrados não conseguiam cruzar a fronteira. Com isso, eram detidos e deportados para o Brasil.
Morte em 2021
Em setembro de 2021, uma brasileira, de 49 anos, residente de Rondônia, morreu durante a travessia após ter sido abandonada pelos coiotes. Em dezembro do mesmo ano, outro caso chocou as autoridades. Outra compatriota foi resgatada após ter sido deixada à beira da morte por um grupo de atravessadores. Ela foi atacada, roubada e violentada.
Bloqueio de R$ 8 milhões
A PF analisou as contas bancárias da organização e verificou uma movimentação superior a R$ 16.5 milhões entre 2017 e 2021. O dinheiro era decorrente dos pagamentos dos migrantes pela atuação do grupo criminoso.
A Justiça autorizou o bloqueio de mais de R$ 8 milhões, além de buscas e apreensões e prisão de cinco investigados mais uma prisão domiciliar de uma pessoa.
Os dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos estados de Rondônia, Amazonas, Tocantins e Goiás. Dispositivos eletrônicos, documentos, bens de valor e armas de fogo, a serem periciadas, estão em poder da PF.
44 vítimas identificadas
Até o momento, foram identificadas 444 vítimas de contrabando de pessoas no período compreendido entre 2019 e 2022. Segundo a PF, o número pode subir com a análise dos materiais apreendidos.
Os suspeitos presos devem responder por organização criminosa, contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem ultrapassar 23 anos de reclusão.