Um estudo comandado pelo Centro de Pesquisas do Genoma Humano da USP coletou material genético de mais de 80 casais e identificou pessoas "superimunes" à Covid-19.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, a Dra. Mayana Zatz, professora e diretora da Universidade de São Paulo, explicou que ao comparar infectados com não-infectados, foram descobertos genes que atuam como “assassinos naturais”.
Os genes identificados trabalham mais fortemente em pessoas resistentes, ou seja, aqueles que não contraíram a doença, mesmo convivendo com infectados com o novo coronavírus.
A ideia da pesquisa surgiu após a professora Zatz ouvir relatos de casais em que apenas uma pessoa contraiu a Covid-19, e mesmo dormindo na mesma cama, compartilhando a mesma casa, sem proteção individual, não infectou o parceiro.
"Nós estudamos o DNA dessas pessoas para entender por que uma pessoa tinha a Covid, e a outra não. Coletamos o DNA de 86 casais discordantes, comparamos o genoma e encontramos genes diferentes entre os doentes e resistentes", explicou a doutora.
Segundo Mayana Zatz, os genes identificados como "assassinos naturais" são as primeiras células de defesa que atuam em qualquer tipo de infecção. Os infectados pelo coronavírus teriam essas células NK menos eficientes, já aqueles que não contraíram o vírus possuem os genes resistentes.
"A gente não sabe ainda se esses genes são suficientes pra outros tipos de vírus. É um estudo complexo. Estamos vendo que o número de pessoas resistentes é grande, por outro lado, pessoas podem se infectar, ficarem assintomáticas e transmitirem para outras", pontuou.
Como o estudo foi realizado antes da chegada da variante delta ao Brasil e da vacinação contra a Covid-19, as análises dos genes mais resistentes ainda serão intensificados.