Pela primeira vez desde que o tema começou a fazer parte da pesquisa do Datafolha, em abril de 2020, a maioria dos brasileiros apoia o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o instituto, 54% são a favor do afastamento, enquanto 42% que se mostram contrários à iniciativa. Na última vez em que a pesquisa foi feita, em 11 e 12 de maio, o número de pessoas favoráveis ao impeachment já era maior, mas ficava dentro da margem de erro. Dos entrevistado, 49% queriam o impedimento; 46% pediam a continuidade do governo.
O Datafolha entrevistou 2.074 pessoas maiores de 16 anos, em todo o país, nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O Datafolha fez uma comparação com Dilma Rousseff e Fernando Collor de Mello, os dois presidentes que sofreram impeachment desde o período de redemocratização do Brasil.
Durante a gestão de Collo, 75% da população era favorável ao impeachemnt. O presidente teve o processo aceito na Câmara, mas renunciou após ser afastado para julgamento.
Em seu pior momento, Dilma teve 68% de apoio a seu impedimento. A petista foi afastada e Michel Temer, seu vice, também foi alvo da pesquisa.
Temer foi denunciado três vezes pela PGR durante a sua presidência, duas vezes na gestão de Rodrigo Janot e uma vez por Raquel Dodge, que foi nomeada por ele para o cargo.
Com apoio do Congresso, Temer conseguiu evitar que as denúncias fossem adiante, mas também foi alvo de pedidos de impeachment e, segundo o Datafolha, 81% dos entrevistados em junho de 2017 apoiavam o seu afastamento.
Bolsonaro vê sua rejeição crescer desde a criação da CPI da Pandemia, mas ainda mantém uma parcela significativa de apoio na população.
Ele também tem amparo de parlamentares do Centrão que serve como barreira contra o impeachment, mas colecionou desgaste junto a aliados depois de sugerir que o Brasil poderia não ter eleições se não for aprovado o voto impresso. Os presidentes da Câmara e do Senado, que têm evitado atrito com Bolsonaro e afastado a possibilidade de impedimento, fizeram manifestações em defesa da democracia depois das falas do mandatário.