Brasília tem desfile de veículos militares em dia de votação de PEC do voto impresso

Movimentação foi realizada para entregar convite de operação ao presidente Jair Bolsonaro; Marinha alegou coincidência de datas

Da Redação, com BandNews TV

Movimentação foi realizada para entregar convite de operação ao presidente Jair Bolsonaro; Marinha alegou coincidência de datas Marcelo Camargo/Agência Brasil
Movimentação foi realizada para entregar convite de operação ao presidente Jair Bolsonaro; Marinha alegou coincidência de datas
Marcelo Camargo/Agência Brasil

No mesmo dia em que a Câmara dos Deputados vota a PEC do voto impresso, Brasília foi palco nesta terça-feira (10) de um desfile de veículos militares. A proposta foi rejeitada inicialmente em votação de comissão especial.

O comboio de carros e tanques na Praça dos Três Poderes foi vista como uma demonstração de pressão do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e de pressão por uma votação favorável à proposta no plenário da Câmara – o que, segundo sinalizado nos últimos dias, pode não ocorrer.

A passagem dos blindados das Forças Armadas pelo local é inédita, e só costuma ocorrer nos desfiles de 7 de Setembro. Oficialmente, a proposta dos militares eram entregar a Bolsonaro e ao ministro da Defesa, general Braga Netto, um convite para participar da Operação Formosa. A operação, que ocorre na cidade de Formosa (GO) em 16 de agosto, é realizada anualmente desde 1988, mas jamais inclui o trecho urbano de Brasília em seu roteiro.

A Marinha, organizadora do desfile, disse se tratar de uma coincidência de datas o fato de a exibição ocorrer no dia da votação da PEC do voto impresso na Câmara. Mas até mesmo o presidente da casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, afirmou nos últimos dias que “a passagem dos blindados para Formosa apimenta esse momento”.

A coincidência de datas fortaleceu a oposição, que alegou que o governo tentou intimidar a votação dos deputados. O PSOL entrou com um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar impedir o desfile – sem sucesso.

Nas redes sociais, diversos políticos se manifestaram contrários ao desfile. “Tanques na rua, exatamente no dia da votação da PEC do voto impresso, passou do simbolismo à intimidação real, clara, indevida, inconstitucional. Se acontecer, só cabe à Câmara dos Deputados rejeitar a PEC, em resposta clara e objetiva de que vivemos numa democracia e que assim permaneceremos”, escreveu a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

“As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso. Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não. O Brasil não é um brinquedo na mão de lunáticos”, criticou o também senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Na véspera, para minimizar o mal-estar, Bolsonaro convidou representantes dos três Poderes para o evento. Representantes de STF, Câmara dos Deputados, Senado, TCU, TSE, STJ e TST, foram lembrados, além de deputados e senadores.

“Como a tropa vem do Rio, Brasília é passagem obrigatória”, alegou o presidente da República. “Muito me honraria sua presença (...), onde receberei os cumprimentos da Força e lhes desejarei boa sorte na missão”, completou.

Desde as primeiras horas da manhã, apoiadores de Bolsonaro se reuniam em pequenos grupos para acompanhar a movimentação. Apesar dos apelos da oposição, as manobras militares ocorreram por volta das 8h30 e duraram poucos minutos.

Na rampa do Palácio do Planalto, Bolsonaro assistiu ao desfile e recebeu o convite para a operação no Centro de Instrução de Formosa. Historicamente, o convite era feito de forma protocolar, em gabinete.

Segundo o Comando da Marinha, a operação em Goiás quer “assegurar o preparo do Corpo de Fuzileiros Navais como força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, conforme previsto na Estratégia Nacional de Defesa. Este ano, de forma inédita, haverá também a participação de meios do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, de modo a incrementar a interoperabilidade das Forças Armadas do País”.

Nas redes sociais, o desfile acabou virando motivo de brincadeiras em tom crítico aos veículos militares. Muita gente estranhou a quantidade de fumaça dos carros e tanques, fazendo alusão a eventuais problemas mecânicos.

Segundo a Agência Brasil, a operação de 2021 em Formosa envolve mais de 2,5 mil militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea, que simularão uma operação anfíbia. Serão empregados mais de 150 diferentes meios, entre aeronaves, carros de combate, veículos blindados e anfíbios, de artilharia e lançadores de mísseis e foguetes. 

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