Pazuello sabia de irregularidades no Ministério da Saúde, diz deputado

Segundo Luiz Miranda, (DEM-DF) então ministro disse " ter lutado contra esse tipo de crime" na pasta

Da Redação, com BandNews FM

O deputado Luís Miranda (DEM-DF) disse ter relatado ao então ministro da saúde Eduardo Pazuello as denúncias sobre irregularidades nas negociações para a compra da vacina indiana Covaxin um dia depois de apresentar ao presidente Jair Bolsonaro documentos com provas contundentes que mostrariam os crimes.

Em entrevista exclusiva para a BandNews FM (ouça a íntegra no fim da matéria) nesta quarta-feira (23), o parlamentar relembrou que levou as acusações ao general em um avião no dia 21 de março. Os dois viajavam para São Paulo, onde participariam de uma cerimônia de chegada de vacinas ao Brasil.

Pazuello teria respondido ao deputado que a sensação dele é que daquela semana "não passaria" no cargo exatamente por já ter lutado contra esse tipo de crime no Ministério da Saúde. Ele deixou o ministério oficialmente em 23 de março.

“Ele deu a entender isso. De forma clara, para mim, ele fala assim: ‘Eu não quis dar o pixuleco [termo que se refere à propina] deles no final do ano’”, relembrou. Miranda disse ter perguntado ao general quem eram “eles” e escutou que “são os caras que sempre mandaram no ministério” que o haviam cobrado e dito que ele iria “cair da cadeira”. 

Miranda, porém, disse que não citaria esses nomes publicamente e que Eduardo Pazuello era o único ministro a par das denúncias.

O demista apontou que, desde então, ninguém da Polícia Federal o procurou ou entrou em contato com integrantes do gabinete dele.

No dia 31 de março, Luis Ricardo Fernandes Miranda, que é irmão do deputado e chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, prestou depoimento ao Ministério Público em condição de testemunha sobre um outro caso e relatou as irregularidades.

Vídeo: Deputado diz que avisou Bolsonaro sobre valores da Covaxin

O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) falou que vai solicitar segurança para os irmãos Miranda. O deputado afirmou acreditar que a vida dele está em risco e ressaltou que tem receio das represálias que sofrerá por causa das denúncias.

O parlamentar foi entrevistado por Pablo Ribeiro e Helen Braun no BandNews FM No Meio do Dia.

A investigação

Em agosto de 2020, um telegrama da embaixada brasileira em Nova Délhi dizia que o imunizante produzido pelo laboratório Bharat Biotech custaria US$ 1,34 a dose – R$ 6,67 na conversão atual. Em 2021, no entanto, o Ministério da Saúde firmou contrato com o preço de US$ 15 por dose – equivalente a R$ 74,64, a mais cara das seis vacinas compradas até aqui. 

A aquisição da Covaxin foi intermediada pela Precisa Medicamentos, que já foi alvo do Ministério Público Federal sob acusação de irregularidade na venda de testes de Covid-19. 

No contrato entre a Covaxin e o Ministério da Saúde, havia sido estabelecida a compra de 20 milhões de doses do imunizante pelo preço de R$ 1,6 bilhão.

Chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde desde 2011, Luís Ricardo Fernandes Miranda disse em depoimento ao Ministério Público Federal que sofreu pressões “incomuns” para a importação da vacina indiana.

Luis Cláudio Fernandes Miranda (DEM-DF) disse que alertou Bolsonaro sobre as possíveis irregularidades no contrato no dia 20 de março. Em sua conta de Facebook há uma foto com o presidente na data. Ele fez parte da base do governo e já defendeu o presidente em suas redes sociais. O deputado chegou até a participar de uma das motociatas de Bolsonaro em Brasília.

Os irmãos serão ouvidos na próxima sexta-feira (25) na CPI que investiga as ações e possíveis omissões do governo no combate à pandemia.

Luis Miranda afirma que levou provas ao presidente sobre irregularidades na compra da Covaxin; ouça entrevista para a BandNews FM na íntegra

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