O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que pretende esclarecer os fatos da pandemia em depoimento na CPI e disse que vai responder “a todas as perguntas”, apesar de estar com habeas corpus para ficar em silêncio. O general deve falar ao longo de toda a quarta-feira (19) à comissão (acompanhe ao vivo acima na BandNews TV).
Pazuello disse à CPI que fizesse perguntas “com bastante conteúdo” e evitando questões “simplórias”, no que foi repreendido pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), destacando que o ex-ministro “não vai determinar o que será perguntado”.
Pazuello compareceu à CPI sem a farda, após uma conversa entre o presidente da Comissão, Omar Aziz, e o comandante do Exército, para evitar "constrangimento”.
O ex-ministro eximiu o governo e o presidente Jair Bolsonaro de responsabilidades pelas ações do ministério no combate à pandemia e disse ter tido 100% de autonomia em sua gestão. Segundo ele, o governo federal só poderia agir através de uma intervenção federal e que coube a eles apoiarem medidas e ações planejadas por governadores e prefeitos.
“O presidente nunca me desautorizou ou orientou a fazer algo”, enfatizou aos senadores, dizendo também que não sofreu influencia dos filhos de Bolsonaro para as ações na pasta.
Eduardo Pazuello: "Bolsonaro nunca me deu ordens para nada"; assista
O ex-comandante da Saúde disse que a estratégia de testagem foi um dos pilares do combate à pandemia e afirmou ter ido pessoalmente à maioria dos estados destacar as ações preventivas.
Apesar de admitir pouco conhecimento sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), Pazuello respondeu que se considera plenamente apto para exercer o cargo de ministro da Saúde, já que só na 22ª Região Militar, teve 5 hospitais sob a guarda dele.
"Sobre gestão e liderança eu acredito que seria perguntar se a chuva molha, se o oficial tem competência de gestão e liderança. Se nós não tivermos, tem que começar do zero a nossa instituição", afirmou.
Pazuello: "Meu conhecimento de SUS não era profundo"; assista
Já sobre a relação dele com Bolsonaro, Pazuello disse que o relacionamento começou na década de 80, quando se conheceram, mas mantinham apenas um “simples contato” durante os últimos anos, sem muita proximidade com o presidente.
O ex-ministro disse que se encontrou com Bolsonaro “menos do que gostaria”, uma vez por semana, a cada duas semanas. Disse que se pudesse voltar atrás teria ido mais vezes conversar com o presidente durante a sua gestão.
Na sequência, Calheiros perguntou se Pazuello concordava com a fala de Ernesto Araújo de que a responsabilidade durante a pandemia era do Ministério da Saúde.
Pazuello pontuou que se eram ações de saúde, a responsabilidade era dele, mas se eram ações da pandemia como um todo, envolvia diversos ministérios.
Logo no início, Pazuello apresentou sentimentos às vítimas e parentes que perderam pessoas para a Covid-19 e reconheceu o trabalho dos profissionais de saúde. Ele destacou que quem está sentado na mesa da comissão é um homem comum e afirmou que que não há medicação e nem tratamento para a doença.
Eduardo Pazuello: "Não tem remédio com eficácia comprovada"; assista