Pavel Durov: preso, dono do Telegram já se desculpou com STF e faz postagens zen

Imprensa francesa divulgou que Pavel Durov, dono do Telegram, é “cúmplice de pedofilia, tráfico de drogas e fraudes” por não cooperar com a Justiça

Por Édrian Santos

Pavel Durov, dono do Telegram, foi preso na França
Reprodução/Instagram @durov

A prisão do bilionário russo Pavel Durov, dono do aplicativo de mensagens Telegram, marcou o final de semana. No último sábado (24), autoridades prenderam-no quando tentava desembarcar no aeroporto de Paris-Le Bourget, nos arredores de Paris. A acusação? Não colaborar com a Justiça francesa no combate a crimes cibernéticos.

A imprensa francesa divulgou que o fato de Durov não colaborar com as investigações que envolvem o Telegram o torna “cúmplice de crimes”, muitos deles ligados à pedofilia, tráfico de drogas e fraudes. Isso porque, por serem criptografados, os conteúdos dos criminosos não deixam rastros que possibilitem apurações pelas autoridades.

Desculpas ao STF

As polêmicas judiciais envolvendo o bilionário não estão só em território francês. Durov já foi alvo da Justiça brasileira em algumas ocasiões. A mais emblemática foi em 2022, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o Telegram, no Brasil, por descumprimento de decisões. Além disso, a plataforma funcionava sem representante legal no país, vedado pelo Código Civil.

Naquela ocasião, Moraes havia solicitado o bloqueio de perfis ligados ao blogueiro Allan dos Santos, investigado no inquérito das milícias digitais. Como a ordem não foi cumprida, a operadoras telefônicas foram notificadas a derrubarem o serviço do Telegram no Brasil.

Com a suspensão do serviço, após sucessivos descumprimentos, Durov publicou nota em que se desculpou com o STF e anunciou que cumpriria as medidas de Moraes, inclusive a referente à nomeação de um representante legal no Brasil. Depois disso, o funcionamento do Telegram foi restabelecido.

Peço desculpas a Suprema Corte brasileira pela nossa negligência. Definitivamente, poderíamos ter feito um trabalho melhor (Pavel Durov, dono do Telegram)

Durov é libertário, abstêmico e vegetariano

Para além das questões jurídicas na França ou no Brasil, Pavel Durov se autodenomina uma pessoa “libertária, abstêmica (não ingere bebida alcoólica) e vegetariana”. Nas redes sociais, adota uma postura “zen”, onde faz postagens reflexivas sobre a condição humana, saúde e bem-estar.

Numa foto de 2021, em que aparece em posição de meditação, Durov refletiu sobre os mundos “exterior” e “interior”. Em outra postagem, de 2023, falou sobre “autodisciplina, saúde, riqueza e felicidade”.

Autodisciplina é a chave para a saúde, riqueza e felicidade (Pavel Durov, dono do Telegram)

“Mark Zuckerberg da Rússia”

Formado em Filologia pela Universidade de São Petersburgo e antes de criar o Telegram, Durov já era famoso pela cocriação da rede social VK (VKontakte), em 2006, inspirada pelo Facebook. A plataforma tornou-se uma das mais populares na Rússia, mas entrou em atrito com o governo de Vladimir Putin, que exigiu o bloqueio de perfis de opositores do Kremlin.

Após vender a parte dele da VK em meio a conflitos com o governo, Durov deixou a Rússia e passou a morar nos Emirados Árabes, onde possui cidadania. A fortuna dele foi estimada em 15 bilhões de dólares pela Forbes. Frequentemente, é chamado de “Mark Zuckerberg da Rússia”.

Rússia sai em defesa de Durov

Apesar das polêmicas passadas com a Rússia, inclusive com o bloqueio do próprio Telegram no país – aplicativo foi reativado após Durov informar que passaria a colaborar contra o terrorismo e extremismo –, políticos russos criticaram a prisão do compatriota. Parlamentares alegam que o bilionário é vítima de “caça às bruxas por parte do Ocidente”.

“Pavel Durov é um prisioneiro político, uma vítima da caça às bruxas do Ocidente. Sua prisão significa que a liberdade de expressão está morta na Europa”, comentou a deputada russa Maria Butina à agência de notícias Reuters.

O processo indica que Durov terá que responder, entre outras acusações, perante um tribunal de instrução por terrorismo, narcotráfico, fraude, lavagem de dinheiro e distribuição de conteúdo pedófilo.

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