Os pastores suspeitos de cobrarem propina de prefeitos em troca de acesso a privilégios no Ministério da Educação (MEC) estiveram pelo menos 35 vezes no Palácio do Planalto durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os registros de entrada e saída foram divulgados na noite de quinta-feira (15), pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), um dia após se recusar a divulgar as informações, decretando sigilo de 100 anos.
A alegação anterior era de que os dados, se divulgados, poderiam comprometer a segurança do presidente e dos familiares deles.
Segundo o GSI, Arilton Moura participou de 27 agendas no Palácio do Planalto em 2019; uma em 2020; cinco em 2021; e duas em 2022.
Dessas, seis ocorreram depois de o MEC acionar a Controladoria Geral da União (CGU) para apurar as suspeitas envolvendo os religiosos – todas na Casa Civil, comandada por Ciro Nogueira.
Outro pastor, Gilmar dos Santos, esteve dez vezes no Palácio do Planalto, em NOVE delas acompanhando Arilton Moura.
Ele é citado no áudio em que o ex-ministro Milton Ribeiro – que deixou o cargo – fala em priorizar amigos do religioso, a pedido de Jair Bolsonaro.
Os dois são investigados por suspeita de cobrar propina em dinheiro – e até ouro – em troca da liberação de verbas para a construção de escolas.
Os recursos – que seriam destinados aos municípios – são administrados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE.
Após a revelação dos registros, a Casa Civil apagou fotos de uma reunião realizada entre o ministro Ciro Nogueira e o pastor Arilton Moura no ano passado.
O encontro foi realizado em 21 de setembro e havia sido postado em uma conta do Flickr – uma espécie de nuvem para guardar imagens.
O endereço onde as fotos estavam hospedadas aparecia como indisponível ONTEM e trazia a seguinte mensagem: “Parece que a foto ou o vídeo que você está procurando não existe mais”.
O encontro de Ciro Nogueira não aparece na agenda oficial.