O Ministério da Defesa da Rússia afirmou nesta terça-feira (15) que está retirando algumas tropas da fronteira com a Ucrânia. Segundo o governo, parte dos soldados deverá retornar às suas bases após o fim dos treinamentos, mas exercícios militares em larga escala continuam.
O anúncio é o sinal mais concreto até agora de que Moscou pode estar buscando aliviar as tensões, depois que uma escalada no envio de soldados provocou temores de uma invasão. As imagens da retirada foram divulgadas pelo ministério da defesa do país.
As tropas que serão retiradas estão na fronteira com a Crimeia e nas regiões separatistas de Donestk e Lugansk. O parlamento russo quer que Putin reconheça a independência dessas áreas, o que poderia agravar as tensões com a Ucrânia. Se a retirada se concretizar, os soldados russos ficarão apenas no norte, na aliada Belarus, que testou disparos de mísseis.
Segundo o ocidente, 130 mil tropas russas se concentram na fronteira da Ucrânia.
O presidente russo Vladimir Putin externou que não quer guerra, mas ressaltou que as exigências russas, até agora, não foram satisfatórias. A principal é a não inclusão da Ucrânia na Otan, pois a Rússia é contra o avanço de militares de países ocidentais no Leste europeu. A declaração foi dada logo após reunião com Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, nesta terça-feira, 15.
"É claro que não queremos [guerra]", disse Putin em resposta a jornalistas em entrevista coletiva com Scholz. O russo pontuou que Moscou continua aberta a negociações, “de forma que o resultado deve ser um acordo para garantir a igualdade de segurança de todos, incluindo nosso país”.
Para Putin, documentos enviados pela Otan e Washington ainda podem ser discutidos, apesar de que as respostas não são construtivas. “Mas isso precisa ser discutido de forma abrangente com todas as questões básicas que destacamos hoje”, declarou Putin.
Na mesma entrevista, Scholz seguiu com o discurso de evitar uma nova guerra na Europa, mas demonstrou estar preocupado com o que chamou de “sinal de ameaça” na região. Para o líder alemão, ainda existem saídas diplomáticas para o conflito entre Rússia, Ucrânia e Otan.
Viagem do Presidente Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve chegar hoje na Rússia após um voo de 16 horas. Amanhã está marcado o encontro com o presidente russo Vladmir Putin. Na agenda de Bolsonaro também está previsto uma reunião com empresários.
Questionado sobre o momento de tensão entre a Rússia e a Ucrânia, o chefe do Palácio do Planalto reforçou que a viagem será feita para ampliar os acordos comerciais entre os dois países. Em seguida, Bolsonaro visitará a Hungria, liderada pelo primeiro-ministro Viktor Orbán.