Pará investiga suspeita de paralisia infantil em criança de três anos

Segundo o Departamento de Epidemiologia, um exame de fezes teve resultado positivo para Poliovírus, mas outros diagnósticos não foram descartados

Da redação com Agência Brasil

Pará investiga suspeita de paralisia infantil em criança de três anos  Tomaz Silva/Agência Brasil
Pará investiga suspeita de paralisia infantil em criança de três anos
Tomaz Silva/Agência Brasil

A Secretária de Saúde Pública do Pará investiga a suspeita de paralisia infantil em uma criança de três anos na cidade Santo Antônio do Tauá, no nordeste do estado. Segundo o Departamento de Epidemiologia da pasta, um exame de fezes teve resultado positivo para Poliovírus através da metodologia de isolamento viral, o caso foi notificado previamente como Paralisia Flácida Aguda (PFA). 

O menino apresentou os primeiros sintomas como febre, dores musculares, mialgia e quadro de PFA com comprometimento e redução motora nos membros inferiores com progressão de 24 horas em 21 de agosto. Dias depois, em 12 de setembro, a responsável pela criança compareceu a UBS do município e informou que o menino perdeu a força nos membros inferiores. 

A Vigilância Epidemiológica de Santo Antônio do Tauá informou que ao tomar conhecimento do caso, realizou visita domiciliar e solicitou pesquisa de Poliovírus nas fezes. 

Segundo informações divulgadas, a criança estava com o histórico de vacinação incompleto e que não recebeu as doses da vacina contra a poliomielite (VIP) previamente. Ela possuía duas doses da VOP, vacina que é aplicada contra a doença. O Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, recomenda cinco doses do imunizante entre as idades de 6 meses a 4 anos - sendo três no primeiro ano de vida. 

As autoridades não descartam outros diagnósticos, como, por exemplo, a Síndrome de Guillain Barré. 

O último caso registrado no Brasil de poliomielite foi registrado em 1989. Em 1994, o país recebeu o certificado internacional de erradicação da doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Vacinação 

A poliomielite não tem tratamento, mas o Programa Nacional de Imunizações (PNI) dispõe de vacinas seguras e eficazes que devem ser utilizadas para proteger crianças desde o primeiro ano de vida. O PNI recomenda que a vacina injetável intramuscular seja administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade, conferindo uma imunidade que só é reforçada aos 15 meses e aos 4 anos, com as gotinhas da vacina oral, ou em campanhas de vacinação anuais como a realizada recentemente.

A queda das coberturas vacinais contra a doença que se repete desde 2016 têm gerado alertas de especialistas de que o país poderia voltar a registrar casos de pólio, que pode causar morte e sequelas motoras irreversíveis.

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina intramuscular contra a pólio atingiram a meta de 95% do público-alvo pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.

Depois de 2016, a cobertura caiu para menos de 90%, chegando 84,19% no ano de 2019. Em 2020, a pandemia da covid-19 impactou as coberturas de diversas vacinas, e esse imunizante chegou a apenas 76,15% dos bebês. Em 2021, o percentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%. No Pará, onde foi registrada a suspeita, o percentual foi ainda menor, de 55,73%.

O problema não se limita ao Brasil, e a Organização Pan-Americana de Saúde listou o país e mais sete nações da América Latina como áreas de alto risco para a reintrodução da doença.

O vírus selvagem da poliomielite também voltou a circular no continente africano, e a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, notificou um caso de poliomielite com paralisia em um adulto que não teria viajado para o exterior.

O Ministério da Saúde realizou entre 8 de agosto e 30 de setembro a Campanha Nacional de Vacinação contra a poliomielite, mas a meta de imunização não foi atingida. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem (5) que o país vai atingir o objetivo de vacinar 95% das crianças menores de 5 anos de idade contra a poliomielite, mas estimou que a cobertura vacinal está em torno de 60%. 

Em muitas cidades a campanha de vacinação contra a poliomielite foi prorrogada até o final do mês, como é o caso de São Paulo, por exemplo. As vacinas ficam disponíveis nos postos de saúde o ano inteiro. 

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