Papa pede que armas sejam "silenciadas" na Ucrânia e em Gaza

Em mensagem de Natal, Francisco lembrou conflitos em andamento no mundo e fez um apelo à paz. "Calem-se as armas na martirizada Ucrânia! Calem-se as armas no Oriente Médio!", pediu o pontífice.

Por Deutsche Welle

Papa pede que armas sejam "silenciadas" na Ucrânia e em Gaza
Papa Francisco em discurso na varanda principal da Basílica de São Pedro, no Vaticano
REUTERS/Yara Nardi

Em sua mensagem de Natal nesta quarta-feira (25/12), o papa Francisco pediu "uma paz justa e duradoura" na Ucrânia e que, na guerra em Gaza, haja "um cessar-fogo" e "libertem-se os reféns e ajude-se a população esgotada".

Como acontece todos os anos em sua tradicional mensagem urbi et orbi (à cidade e ao mundo), o pontífice argentino citou os principais conflitos e focos de tensão no planeta.

Na sacada central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, Francisco, como de costume em sua mensagem natalina, refletiu sobre os conflitos que afetam o mundo diante de cerca de 30 mil pessoas.

"Calem-se as armas na martirizada Ucrânia! Tenha-se a audácia de abrir a porta às negociações e aos gestos de diálogo e de encontro, para alcançar uma paz justa e duradoura.", disse o pontífice na sacada central da basílica, diante de cerca de 30 mil pessoas. .

"Calem-se as armas no Oriente Médio! Com os olhos postos no berço de Belém, dirijo o meu pensamento para as comunidades cristãs da Palestina e de Israel e, em particular, à querida comunidade de Gaza, onde a situação humanitária é gravíssima. Haja um cessar-fogo, libertem-se os reféns e ajude-se a população esgotada por causa da fome e da guerra”, acrescentou.

Francisco disse que se sente "próximo também da comunidade cristã no Líbano, especialmente a do sul", e "da que se encontra na Síria, neste momento tão delicado", e que se "abram as portas do diálogo e da paz em toda a região, dilacerada pelo conflito".

"Quero ainda aqui recordar o povo líbio, encorajando-o a procurar soluções que permitam a reconciliação nacional", citou.

"Que o nascimento do Salvador traga um tempo de esperança às famílias de milhares de crianças que estão a morrer devido a uma epidemia de sarampo na República Democrática do Congo, bem como às populações do leste do país e às do Burkina Faso, Mali, Níger e Moçambique. A crise humanitária que os afeta é causada principalmente por conflitos armados e pelo flagelo do terrorismo, e é agravada pelos efeitos devastadores das alterações climáticas", acrescentou.

Jubileu

Francisco lembrou que a Porta Santa foi aberta na terça-feira para marcar o início do Jubileu, que é celebrado a cada 25 anos, e desejou que ela ajude a "reconciliar com Deus, e então reconciliar-nos-emos conosco mesmos e poderemos reconciliar-nos uns com os outros, até com os nossos inimigos".

"É este o significado da Porta Santa do Jubileu, que abri ontem à noite aqui em São Pedro: ela representa Jesus, a Porta da salvação aberta para todos. Jesus é a Porta; é a Porta que o Pai misericordioso abriu no meio do mundo, no meio da história, para que todos possamos voltar para Ele. Todos nós somos como ovelhas tresmalhadas e precisamos de um Pastor e de uma Porta para regressar à casa do Pai. Jesus é o Pastor, Jesus é a Porta", enfatizou.

O papa também pediu paz para os países do Chifre da África e "que o Filho do Altíssimo sustente os esforços da comunidade internacional para facilitar o acesso da população civil do Sudão à ajuda humanitária e para suscitar novas negociações em vista de um cessar-fogo".

"Que o Menino Jesus inspire as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade do continente americano, para que, na verdade e na justiça, encontrem quanto antes soluções eficientes, para promover a harmonia social; penso especialmente no Haiti, na Venezuela, na Colômbia e na Nicarágua", pediu o pontífice na mensagem.

Francisco também falou sobre do povo de Mianmar, que, por causa dos contínuos confrontos armados, está sofrendo muito e é forçado a fugir de suas casas.

E espera que "o Jubileu seja uma oportunidade para derrubar todos os muros de separação: os ideológicos, que tantas vezes marcam a vida política, e também os físicos, como a divisão que há cinquenta anos atinge a ilha do Chipre e que dilacerou o seu tecido humano e social".

Francisco afirmou que "Jesus, o Verbo eterno de Deus feito homem, é a Porta escancarada; é a Porta escancarada que somos convidados a atravessar para redescobrir o sentido da existência e a sacralidade de todas as vidas – todas as vidas são sagradas –, e para recuperar os valores basilares da família humana".

"Ele espera-nos na soleira da porta. Espera por cada um de nós, sobretudo pelos mais frágeis: espera as crianças, todas as crianças que sofrem por causa da guerra e da fome; espera os idosos, os nossos antepassados, muitas vezes obrigados a viver em condições de solidão e abandono; espera aqueles que perderam a própria casa ou fogem da sua terra para tentar encontrar um refúgio seguro; espera os que perderam ou não encontram trabalho; espera os prisioneiros que, apesar de tudo, continuam a ser filhos de Deus, sempre a ser filhos de Deus; espera aqueles que são perseguidos por causa da sua fé e são tantos!", acrescentou.

O papa também aproveitou a mensagem para pedir "que o Jubileu seja uma ocasião para perdoar as dívidas, sobretudo as que oneram os países mais pobres".

"Cada um é chamado a perdoar as ofensas recebidas, porque o Filho de Deus, que nasceu no frio e na escuridão da noite, nos perdoa tudo", disse.

O pontífice concluiu desejando a todos "um Feliz e Santo Natal”.

jps (EFE, AFP, ots)

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