O papa Francisco publicou nesta terça-feira (03/10) uma carta de esclarecimento sobre a aceitação da Igreja a casais LGBTQI+, em que sinaliza ao clero uma abertura para abençoar as uniões homoafetivas.
O pontífice enfatizou, porém, que é claro o posicionamento da Igreja Católico em relação ao sacramento do matrimônio, que continua a ser apenas a união estável e indissolúvel entre um homem e uma mulher. Porém a Igreja não deve agir como "juízes que apenas negam, rejeitam e excluem".
Francisco argumentou, ainda, que os pedidos de bênção são oportunidades para que os fiéis se aproximem de Deus e tenham vidas melhores, mesmo que alguns atos sejam "moralmente inaceitáveis, objetivamente". Embora não reconhecida pelo Vaticano, a bênção católica a uniões homoafetivas já é praticada na Alemanhae Bélgica, entre outros países.
Visão progressista pode abrir mais portas para mulheres
A carta pontifical foi uma resposta a cardeais conservadores da Ásia, Europa, África, Estados Unidos e América Latina, antecedendo o sínodo episcopal iniciado no Vaticano nesta quarta-feira, com o fim de debater os rumos da instituição. O papa abriu o evento frisando que existe uma uma necessidade de reparação para tornar a Igreja um lugar de acolhimento a todos.
O encontro a portas fechadas de três semanas promete ser decisivo para Francisco e sua agenda de reformas, prometendo debates e mudanças que têm gerado esperança, entusiasmo e medo em diversos setores da Igreja. Ele já é considerado histórico por permitir pela primeira vez que mulheres e leigos votem ao lado de bispos em qualquer documento final produzido. Menos de um quarto dos 365 votantes, no entanto, não são bispos.
Os progressistas esperam que mulheres assumam mais cargos de liderança na instituição e participem das tomadas de decisão. Antes do início da missa de abertura, defensores do direito feminino ao sacerdócio estenderam uma enorme faixa numa praça próxima à de São Pedro, onde se lia "Ordene mulheres".
As mulheres há muito queixam-se de tratadas como cidadãs de segunda classe na Igreja Católica, sendo excluídas do sacerdócio e dos mais altos escalões do poder, apesar de serem responsáveis por boa parte do trabalho religioso, ensinando em escolas e administrando hospitais, por exemplo.
A ala conservadora tem receio de que a tendência progressista possa dividir a Igreja, afastá-la de sua essência e aproximá-la mais de "tendências mundanas” do que do divino.
Há muito o papa Francisco defende que a liderança católica seja menos hierárquica e procure maior proximidade com os fiéis, e demonstra preocupação com o acolhimento de grupos marginalizados. Na abertura do sínodo, o pontífice destacou, ainda, que a Igreja não deve ser "uma barricada rígida dividida por medos e ideologias".
vg/av (AFP,AP,ABR)