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Papa emérito Bento XVI morre aos 95 anos

Informação foi confirmada pelo Vaticano, que demonstrou preocupação com o estado de saúde de Bento XVI nesta semana

Da redação

O papa emérito Bento XVI morreu neste sábado (31), aos 95 anos, em sua casa, no Vaticano, informou a Igreja Católica. Nesta semana, Francisco havia pedido orações ao sacerdote, porque o religioso estava “muito doente”. 

“Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 (horário local), no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas informações”, informou o porta-voz do Vaticano em comunicado à imprensa. 

Desde  a última quarta-feira (28), o Papa Francisco afirmou que seu predecessor estava muito doente e pediu aos fiéis do mundo para que se reunissem em oração pela saúde do papa emérito. Bento XVI vivia no Mosteiro Mater Ecclesiae desde sua renúncia ao pontificado, em 2013.

O corpo do Papa emérito estará na Basílica de São Pedro para a saudação dos fiéis a partir da segunda-feira, 2 de janeiro.

Infância e adolescência 

Joseph Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927 em uma pequena vila da Alemanha. Filho de um comissário da polícia local, seu pai era muito religioso - católico - e tinha fortes ideais políticos. Já sua mãe, filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, antes de casar trabalhou como cozinheira em vários hotéis.

Joseph nasceu em um sábado de Aleluia - o primeiro dia após a crucificação e morte de Jesus - e foi batizado no dia seguinte, e um domingo de Páscoa. Ele é o caçula de três irmãos, Maria (1921 - 1991) e Georg (1924 - 2020).

Um ano após o nascimento de Joseph, a família mudou-se para Tittmoning, na fronteira da Alemanha com a Áustria, na época um lugarejo de cinco mil habitantes. Em 1932, foram para Aschau e foi quando o pai da família mostrou-se antinazista, que assumiram o poder do país pouco tempo depois, em 30 de janeiro de 1933, quando Adolf Hitler foi nomeado chanceler alemão.

Foi em Aschau que Joseph iniciou os primeiros vislumbres da vocação sacerdotal. Quando a família mudou de cidade, retornando para Traunstein, em fevereiro de 1937, durante o ginásio aprendeu latim, mas foi dois anos depois - 1939 - que ingressou no seminário, dando início a vida eclesiástica.

Segunda Guerra Mundial

No mesmo ano, iniciou-se a Segunda Guerra Mundial e a Alemanha requisitou o seminário para ser utilizado como hospital militar, quando Joseph completou 14 anos em 1941 teve de se incorporar à Juventude Hitlerista, que era obrigatório para todos os adolescentes do sexo masculino na época.

Aos 16, em 1943, serviu em uma bateria antiaérea. No ano seguinte, fim de 1944, aos 17 anos, Joseph foi recrutado como soldado pela Wehrmacht, as Forças Armadas nazistas.

Vida religiosa e acadêmica 

Pouco depois do término da Segunda Guerra Mundial, Joseph retornou ao seminário e estudou teologia. Em 1952 iniciou a sua atividade de professor na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Frisinga, lecionando teologia dogmática e fundamental. No ano seguinte, obteve o doutoramento em teologia com a tese “Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho” e obteve a habitação para lecionar. No final da década de 50, ele ganhou reconhecimento como professor da área. 

Lecionou em Bonn, entre 1959 e 196); em Münster de 1963 a 1966; e em Tubinga, nos anos de1966 a 1969. A partir de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde chegou a ser Vice-Reitor.

Nesse período, foi membro da equipe do arcebispo de Colônia e participou do Segundo Concillo do Vaticano, de 1962 a 1965, como especialista em teologia do cardeal de Colônia. Anos depois, em 969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde chegou a ser Vice-Reitor. 

Fundou em 1972, junto com os teólogos Hans Urs von Balthasar e Henri De Lubac, a revista Communio. Em 1977, foi nomeado arcebispo de Munique- Freising. Anos depois, o papa João Paulo II levou Joseph para Roma, para a Congregação para a Doutrina da Fé.

Joseph foi escolhido para após a morte de João Paulo II, em 19 de abril de 2005. 

Escândalos e polêmicas

Bento XVI foi duramente criticado pela postura pouco clara em relação aos abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica. Ele chegou a defender as vítimas, ao emitir um pedido de desculpas e ao encontrar vítimas, mas o posicionamento não agradou os católicos, que esperavam uma postura mais progressista do pontífice.

Desde que assumiu a liderança da Igreja Católica, Bento XVI seguiu uma linha conservadora em questões sociais. Em diversos momentos do papado ele manifestou ser contrário ao aborto em qualquer circunstância, ao casamento de pessoas do mesmo sexo e à distribuição de preservativos para evitar transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. 

O Papa também foi contra ao fim do celibato de padres e a à flexibilização de normas da Igreja para pessoas em segunda união. No caso, a Igreja não permite que uma pessoa se divorcie e case novamente. 

Da maior polêmica, vem o pedido de renúncia inédito na Igreja Católica. Em 11 de fevereiro de 2013, o Papa Bento XVI resignou ao cargo alegando saúde frágil, afirmando que não poderia exercer a liderança. 

Anos após a renúncia de Bento XVI, um documento de 2020 revelou que ele teria acobertado quatro casos de pedofilia na Alemanha antes de se tornar líder da Igreja Católica. Os casos teriam ocorrido quando ele era arcebispo de Munique, na Alemanha. O relatório também identificou 497 vítimas de abuso entre 1945 a 2019. 

Renúncia

Em 13 de fevereiro de 2013, Bento XVI anunciou que iria renunciar ao pontificado devido à idade avançada e disse que não tinha mais forças para exercer o ministério. Em 28 de fevereiro daquele ano, às 20h (horário local), a Sé de Pedro ficou vacante. 

Desde então, Bento XVI mora no Vaticano e recebeu o título de papa emérito.

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