Um comprador anônimo pagou 18 milhões de euros (mais de R$ 110 milhões) pelo "palácio maldito" Ca' Dario, em Veneza, na Itália.
Construído no final do século 15, o luxuoso e icônico edifício é famoso não só por sua arquitetura gótica renascentista e localização privilegiada, mas também pela superstição em torno das mortes e tragédias que se abateram sobre quem viveu ali.
Por causa disso, o palácio passou anos vazio entre um comprador e outro, e chegou a ser considerado impossível de vender.
Desta vez, o Ca 'Dario ficou pouco mais de um ano exposto até encontrar um novo dono, segundo informado pelo jornal italiano Il Corriere nesta quinta-feira (14/11).
História sombria
Com localização privilegiada às margens do Grande Canal, próximo à Basílica de Santa Maria della Salute, o Palácio Ca' Dario é uma construção histórica com oito quartos e oito banheiros, vista panorâmica e um jardim privado – daí seu alto valor.
O dono original do imóvel, o secretário do Senado veneziano Giovanni Dario, mandou erguê-lo em 1479. Desde então, a família se viu envolta em uma série de infortúnios que renderam ao palácio sua fama de amaldiçoado.
Dario não chegou a ver a obra pronta, morrendo cinco anos depois. A filha dele, Marietta, herdou o palácio e se mudou para lá com o marido, Vicenzo Barbaro, que acabaria assassinado após ir à falência. Desconsolada, a esposa cometeu suicídio. Já o filho do casal e neto de Dario, Vicenzo, foi morto em um atentado na Grécia.
Mas a tragédia continuaria a cercar o palácio mesmo depois de ele ser entregue a outros proprietários: comerciantes foram à ruína, poetas adoeceram, amantes mataram e morreram.
Na década de 60, Christopher "Kit" Lambert, agente da banda de rock inglesa The Who, comprou o imóvel e se mudou para Veneza. Ali, entregou-se ao vício em drogas e acabou com sua fortuna e sua carreira.
Anos depois, o baixista do mesmo grupo, John Entwistle, passou uma semana de férias em Ca' Dario, apenas para morrer dias depois repentinamente de um infarto por overdose.
Um dos últimos e mais célebres proprietários do imóvel foi o magnata italiano Raul Gardini, que se matou em 1993 após ver seu nome envolvido em um grande escândalo de corrupção que abalou a Itália.
ra/bl (efe, ots)