O médico e professor do curso de medicina da Universidade de São Paulo, Julio Cesar Acosta Navarro, pai do estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No texto, ele critica o governo paulista pela demora na punição aos agentes envolvidos no crime.
Marco Aurélio Cardenas Acosta morreu baleado após reagir a uma abordagem policial em um hotel na Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo. Ele levou um tiro no abdômen, passou por cirurgia, mas não resistiu.
“Cada manha que acordo eu não encontro aquele meu garoto amante do futebol, da música e cheio de carinho, sinto a dor dilacerante, angustia e a raiva, de lembrar as últimas imagens dele me pedindo salvá-lo, deitado numa sala de emergência, em choque hemorrágico sussurrando: ‘Pai me ajuda, pai me ajuda’. Hoje não tenho vida nem essência, nada, um fantasma vale mais porque ele tem alma e eu não mais”, escreveu Julio Cesar Acosta Navarro.
“A dor levaremos a vida toda até o final da nossa existência porque será o designo dos deuses, mas a angústia, a humilhação e raiva contra os criminosos em busca da ‘justiça dos homens’ é o último que me resta agora. Os policias militar Guilherme Augusto Macedo e seu comparsa Bruno Carvalho do Prado, que em maior número, maior tamanho, treinamento militar, superprotegidos e armados com todas as armas atiraram cobardemente a queima-roupa no meu filho que usava um short e um chinelo por opção de sua personalidade”, completou.
No texto, o professor de medicina da USP afirmou que seu filho foi morto “da maneira mais cruel e covarde pelo estado de São Paulo” e pelas “mãos de membros da Polícia Militar”.
“Somente que pelo que vi com muita dor nestes trinta longos dias de uma justiça sem tempo, os assassinos não sendo presos, os chefes da PM dando declarações a grande mídia com falsidades sobre o meu filho e outros dando risadinhas passeando em jatos particulares, Tarcísio (de Freitas) não disse quando faria isso, porque se referia claro ao Juízo Final ou quando os extraterrestres invadam a Terra, experto ele”, pontuou.
“Apelo ao senhor Presidente, minha última esperança para aliviar a dor da minha família, de outras mais e poder amanhã salvar nossos próprios filhos”, finalizou.
Policial indiciado por homicídio doloso
Um policial militar que atirou contra o estudante de Medicina foi indiciado por homicídio doloso - quando há intenção de matar - em Inquérito Policial Militar (IPM), segundo a Secretaria da Segurança Pública. As câmeras corporais registraram a ocorrência.
O estudante de Medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta foi morto com disparo de arma de fogo pelo policial Guilherme Augusto Macedo durante abordagem policial. A ocorrência foi por volta das 2h50, na escadaria de um hotel na Rua Cubatão, na Vila Mariana.
O autor do disparo e também o segundo policial militar que participou da ocorrência prestaram depoimento e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações.