O último comunicado dos pagers usados pelo Hezbollah foi uma explosão. Mais de mil que a receberam ficaram feridos, alguns em estado grave, em Beirute, no sul do Líbano e no Vale de Bekaa. Hospitais libaneses pedem doações de sangue. Pelo menos 9 pessoas morreram.
Um funcionário do Hezbollah, no Catar, disse ao jornal The New Arab: “Israel violou os dispositivos de comunicação da organização e os detonou”.
A explosão foi simultânea para todos os usuários dos pagers —um dispositivo eletrônico popular entre os anos 1980 e 1990, usado para conectar pessoas através de uma rede de telecomunicações usando ondas de rádio. Os do Hezbollah transmitem texto codificado, embora alguns usem áudio.
O Hezbollah iniciou uma investigação, com um único suspeito, Israel. Uma das vítimas do pager explosivo foi o embaixador iraniano no Líbano, Mojtaba Amani. O Ministério da Saúde libanês pediu a todos que descartem seus pagers, “imediatamente”. Houve pelo menos uma explosão até em Damasco.
Nos anos 90, Israel explodiu o celular de um terrorista acusado de matar 70 pessoas em atentados. Era Yahya Aiash, conhecido como “O Engenheiro”, especialista em fabricar bombas. Houve outros celulares que explodiram entre palestinos da OLP na Cisjordânia.
Para que isso fosse possível, era preciso trocar o celular das vítimas por outros adulterados, ou esperar que o levassem para reparos. Agora, hackers israelenses penetram em celular para implantar aplicativos de espionagem.
O governo israelense foi reunido na noite de segunda-feira para debater se declara guerra aberta contra o Hezbollah. Tanto o primeiro-ministro Netanyahu quanto o ministro da Defesa, Yoav Gallant, têm a mesma opinião: só mesmo com uma operação militar no Líbano poderão trazer de volta às suas casas os 60 mil deslocados do norte israelense, bombardeado diariamente pelo Hezbollah, em solidariedade ao Hamas. As explosões dos pagers podem ser um prenúncio.