Pacheco seria preso caso plano de golpe fosse concretizado, diz Cid à PF

Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (8), é um desdobramento da delação do ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid

Por Túlio Amâncio

Pacheco seria preso caso plano de golpe fosse concretizado, diz Cid à PF
Rodrigo Pacheco e Mauro Cid
Lula Marques/Agência Brasil/Marcos Oliveira/Agência Senado

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, declarou em delação premiada à Polícia Federal que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), seria preso caso o plano de golpe de Estado fosse concretizado. A informação é do repórter Túlio Amâncio

O tenente-coronel afirmou que o ex-presidente teve envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado depois de não aceitar o resultado das eleições de 2022. Cid fez as afirmações em uma delação premiada em setembro de 2023.

Mauro Cid foi liberado da prisão, mas ainda aguarda usufruir de outros benefícios. Eles podem incluir até mesmo um perdão judicial.

A delação é um acordo com acusado: ele colabora com as investigações, abrindo mão do direito de silêncio, e, em troca, recebe uma vantagem que pode variar com o grau dos depoimentos. Ou seja, quanto mais informações o delator prestar, mais benefícios podem ser concedidos.

Operação Tempus Veritatis

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8) a operação Tempus Veritatis, que mira Jair Bolsonaro e aliados do ex-presidente. A ação é um desdobramento da delação de Mauro Cid. A informação foi confirmada pelo repórter Caiã Messina. 

Entre os alvos da operação estão: o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, os generais Augusto Heleno e Braga Netto, o presidente do PL Valdemar Costa Neto, entre outros. 

O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto, foi preso em flagrante com arma de fogo não registrada durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão durante a operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (8). 

Mais cedo, a sede do Partido Liberal, em Brasília, também foi alvo de buscas. O presidente do Partido Liberal está prestando esclarecimentos na sede Polícia Federal, em Brasília, declarou que a arma em situação irregular é de seu pai e alegou “lembrança afetiva”. 

Ainda não há informações se Valdemar da Costa Neto seguirá preso, ou se será liberado após prestar esclarecimentos à Polícia Federal.

Jair Bolsonaro 

Jair Bolsonaro é alvo da operação da Polícia Federal e deu 24 horas para que o ex-presidente da República entregue o passaporte. Segundo a colunista da Rádio BandNews FM, Mônica Bergamo, a PF foi a Angra dos Reis para buscar documento e celular de assessores dele.

O advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, declarou que o ex-presidente entregará o passaporte às autoridades competentes

“Em cumprimento às decisões de hoje, o presidente Bolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes. Já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba, retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados”, escreveu o advogado do ex-presidente. 

Polícia Federal 

Ao todo, estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas, e suspensão do exercício de funções públicas. 

Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

O que aponta a investigação

Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

“O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal”, informou a PF. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

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