Em resposta à mobilização de Vladimir Putin, presidente da Rússia, para convocar mais 300 mil reservistas para reforçarem as tropas na Ucrânia, o secretário-geral da Otan (aliança militar do Ocidente), Jens Stoltenberg, disse que a ameaça de Moscou já era esperada e pediu calma.
A declaração de Stoltenberg foi dada em entrevista à Reuters nesta quarta-feira (21). Segundo o representante da Otan, as ações russas representam uma escalada no conflito, mas não uma surpresa. Ele ainda reiterou a necessidade de apoio à Ucrânia.
Para Stoltenberg, a guerra não segue de acordo com os planos de Putin e que o líder russo cometeu um grande erro de cálculo. A declaração se contextualiza à contraofensiva ucraniana, sobretudo na região Nordeste do país, onde recapturou regiões importantes.
China, papa e União Europeia
A China, importante parceira da Rússia, em tom neutro, pediu diálogo entre todas as partes envolvidas no conflito para que encontrem uma maneira de abordar as preocupações de segurança.
Na audiência semanal no Vaticano, o papa Francisco disse que os ucranianos são submetidos a uma selvageria, monstruosidade e tortura. O líder da Igreja Católica também pontuou que não se deve pensar em armas nucleares neste momento.
Já o porta-voz da União Europeia declarou que Putin trava uma aposta nuclear muito perigosa, mas também demonstra o desespero de Moscou pela perda de territórios ocupados.
Putin fala em guerra nuclear
Além do reforço militar, anunciado em comunicado oficial, o presidente russo acusou o Ocidente de incentivar uma guerra nuclear em território ucraniano. Países capitaneados pelos Estados Unidos e potências europeias são aliados da Ucrânia e enviam armamentos para as tropas de Kiev.
Putin reforçou o apoio aos referendos anunciados nas regiões de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, todas áreas ucranianas tomadas pela Rússia. Votações populares, sem transparência, foram convocadas para o fim de semana.
A medida foi criticada pela comunidade internacional, que alega estar em curso um processo de anexação do território por parte dos russos. O processo é parecido com aquele colocado em prática quando da anexação da Crimeia, em 2014.