Matheus Sales Teixeira, sócio do laboratório envolvido nos transplantes de órgãos infectados com HVI no Rio de Janeiro, é primo do ex-secretário de Saúde, deputado federal doutor Luizinho (Progressistas), que era chefe da pasta durante o processo da contratação.
A Anvisa e o Ministério Público investigam a contaminação de seis pacientes que receberam órgãos transplantados no Rio de Janeiro e foram infectados com HIV. A informação foi revelada com exclusividade pelo diretor-geral de conteúdo do Grupo Bandeirantes de Comunicação e âncora da BandNews FM, Rodolfo Schneider, nesta sexta-feira.
Em nota, o doutor Luizinho admitiu o parentesco e disse que conhece o laboratório há mais de 30 anos. “Lamento veementemente o ocorrido, desejando o fim das investigações com punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de contaminação”, disse.
“Enquanto secretário de Saúde, mantive a equipe do programa de transplante e jamais participai da contratação deste ou de qualquer outro laboratório”, afirmou ele em nota. “É muito triste como um dos maiores defensores de transplante, cuja vida foi marcada para a ampliação de transplante no estado, ver casos graves como esse e espero punição aos responsáveis, independente de quem for”, acrescentou.
Órgãos infectados com HIV
O diretor-geral de conteúdo do Grupo Bandeirantes de Comunicação, Rodolfo Schneider, revelou com exclusividade que a Anvisa e o Ministério Público investigam a contaminação de seis pacientes que receberam órgãos transplantados no Rio de Janeiro e foram infectados com HIV.
De acordo com técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os exames de sangue feitos nos doadores apresentaram um falso negativo.
Todos os testes foram realizados na empresa PCS laboratórios, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O grupo foi contratado emergencialmente pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro em dezembro do ano passado.
A situação foi descoberta no último dia 10 de setembro, quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve o resultado para HIV positivo; ele não tinha o vírus antes do transplante.
Amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos foram confirmados. Há uma semana foi notificado que mais um receptor de órgãos teve o exame de HIV positivo após o transplante.
Até o momento, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro confirmou seis casos idênticos.
A Anvisa esteve nesta quinta-feira (10) no laboratório PCS e descobriu que a unidade não tinha kits para realização dos exames de sangue e também não apresentou documentos comprovando a compra dos itens, o que levantou a suspeita de que os testes podem não ter sido feitos e que os resultados tenham sido forjados.
A investigação, até o momento, identificou que a contratação emergencial foi feita pela Fundação Saúde, órgão ligado à Secretaria Estadual de Saúde do Rio, em um momento em que o Hemorio estava sobrecarregado.
A Anvisa interditou o laboratório PCS, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, após seis pessoas que receberam órgãos transplantados testarem positivo para HIV.
A PCS Laboratórios tem contratos com a Secretaria Estadual de Saúde desde 2021. O serviço envolvendo o procedimento em transplantes foi contratado por R$ 11 milhões, em um momento em que o Hemorio estava sobrecarregado.
Para conseguir prestar serviço ao Governo do Estado, a PCS reuniu atestados de capacidade técnica de conhecidas empresas da área de saúde. Agora, o laboratório está proibido de atuar em todo o Rio de Janeiro.
A rede também mantinha contratos com a Prefeitura de Nova Iguaçu e a operadora de saúde privada Unimed.
Ministério da Saúde se pronuncia sobre o caso
O Ministério da Saúde divulgou uma nota no começo da tarde desta sexta-feira (11), se manifestando sobre seis pessoas infectadas com HIV após transplantes no Rio de Janeiro.
“A situação está sendo tratada com extrema seriedade, visando cuidar dos pacientes e suas famílias e preservar a confiança da população nesse serviço essencial. O Ministério esclarece ainda as medidas imediatas adotadas para garantir a segurança e a integridade do sistema nacional de transplantes”, diz a nota do ministério.