O senador Randolfe Rodrigues protocolou ação no Supremo Tribunal Federal pedindo a abertura de inquérito para investigar possíveis interferências do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Na ação, Randolfe pede que a ação investigue conduta de sigilo e obstrução de Justiça de Bolsonaro.
No twitter, o deputado e líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes, disse que apresentou aditivo em notícia crime encaminhada para a ministra Carmen Lúcia.
Entenda
Durante uma conversa por telefone com uma de suas filhas (ouça acima), Milton Ribeiro falou que recebeu uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL) dizendo temer ser alcançado pela investigação da Polícia Federal contra o ex-ministro da Educação. A conversa foi registrada no último dia 9 de junho e o áudio foi obtido pela Band na tarde desta sexta-feira (24).
"Hoje, o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento, novamente, que eles [policiais] podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos para ele, né?", disse Ribeiro na ligação.
Sua filha então questiona: "Ele quer que você pare de mandar mensagens?". Milton respondeu: "Não! Não é isso. Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão. Em casa, sabe... é... é muito triste. Bom, isso pode acontecer, né? Se houver indícios", completou.
Após citar o presidente, ainda conforme a transcrição do áudio, a filha alerta ao pai que está ligando para ele do telefone pessoal. "Tô te ligando no celular normal, viu, pai?". Ribeiro, então, dá sinais de querer encerrar conversa. "Ah, é? Ah, então, depois a gente se fala, tá?".
Contudo, antes de encerrar, de fato, o contato telefônico, ambos voltam a comentar sobre Bolsonaro. "Pressentimento... ele falava em pressentimento e tal...", completou Ribeiro.
Investigação
A Justiça Federal de Brasília, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) materiais da investigação sobre o ex-ministro da Educação.
No material, estão conversas do ex-ministro com outras pessoas, gravadas com autorização judicial, e que, segundo os procuradores do MPF, apontam interferência do presidente Bolsonaro na investigação.
Ribeiro e pastores estão sendo investigados por suposto envolvimento em repasses irregulares no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Prisão e soltura de Milton Ribeiro
O ex-ministro foi preso na última quarta-feira (22) pela Polícia Federal (PF) em Santos, litoral de São Paulo. O mandado judicial expedido contra o então ministro citou o envolvimento dele com os crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência..
Além de Ribeiro, dois pastores evangélicos foram presos preventivamente, Gilmar Santos e Arilton Moura Correia.
Já na última quinta-feira (23), o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), decretou a soltura de Ribeiro, dos pastores e mais dois alvos da operação “Acesso Pago”, Helder Diego da Silva Bartolomeu e Luciano de Freitas Musse.
Na decisão, Ney Bello pontuou que, no estado democrático, ninguém pode ser preso sem o devido acesso à decisão que motivou a prisão, em resposta ao pedido da defesa sobre o sigilo sobre a investigação contra Ribeiro.
Áudios vazados
Em áudios divulgados em março, o então ministro dizia que a “priorização” de determinadas prefeituras seria um pedido de Bolsonaro. Dias depois, o ministro negou a participação do presidente e pediu demissão do MEC.
A PF cumpriu 13 mandados de busca e apreensão e 5 de prisão em Goiás, São Paulo, Pará, além do Distrito Federal. Outas medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados e envolvidos, também foram efetuadas.