A Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu nesta quinta-feira (7), por maioria dos votos, que a Rússia deve ser suspensa do Conselho de Direitos Humanos. O Brasil se absteve da decisão. Noventa e três países votaram pela suspensão, 24 para não, e 58 se abstiveram.
O embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho, disse que o “Brasil está comprometido em encontrar formas de cessar as hostilidades imediatamente, promover um diálogo real em busca de uma solução sustentável e pacífica, garantindo respeito aos direitos humanos e ao direito humanitário”.
A suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos está apoiada no argumento de que o país cometeu “violações graves e sistemáticas dos direitos humanos” na invasão à Ucrânia.
A proposta, que foi apresentada pelos Estados Unidos (EUA) e apoiada pelos aliados e Ucrânia, contou com dois terços da Assembleia.
A decisão foi condenada pelo vice-representante russo nas Nações Unidas, Gennadi Kuzmin. Síria e Coreia do Norte também mostraram desacordo.
A Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, como tal, não pode ser expulso. A ordem de suspensão representa a desaprovação da ONU pelas ações militares russas no conflito.
Veja abaixo o resultado da votação na ONU:
“Armas, armas e armas”
Também na ONU, em reunião com aliados em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, pediu o envio de mais armamento.
“A minha agenda é muito simples; só tem três pontos: armas, armas e armas”, disse Dmitro Kuleba, que insistiu no pedido de armamento. Na saída afirmou estar "cautelosamente optimista" com envio de sistemas avançados de defesa para a Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenskii, pediu sanções mais amplas e “realmente dolorosas” para a Rússia, descrevendo como “insuficientes” as novas sanções, impostas nomeadamente pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Invasão
A invasão russa da Ucrânia já provocou pelo menos 1611 mortos e 2227 feridos entre a população civil, a maioria dos quais devido a armas explosivas com vasta área de impacto, segundo a ONU informou nesta quinta-feira (7).
No relatório diário sobre vítimas civis confirmadas desde o início da agressão militar russa na Ucrânia, a 24 de Fevereiro, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) contabilizou 131 crianças entre os mortos e 191 entre os feridos.
O Alto Comissariado adverte, contudo, que estes dados sobre as vítimas civis estão muito provavelmente aquém dos números reais, sobretudo nos territórios onde os ataques intensos não permitem recolher e confirmar a informação.
É o que acontece, por exemplo, em Mariupol e Volnovakha (região de Donetsk); Izium, na região de Kharkiv (Carcóvia); Popasna (região de Lugansk) e Borodianka (região de Kiev), onde há alegações de numerosas baixas civis, mas ainda por confirmar e que por isso não estão incluídas nas estatísticas da ONU.
Segundo o Portal Público, de Portugal, mais de 4,3 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa, o que representa o maior fluxo de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial, anunciou esta quinta-feira a agência da ONU para os refugiados. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o número de refugiados da Ucrânia subiu para 4.319.494.
Nas últimas 24 horas, mais 40.705 pessoas fugiram para outros países. Cerca de 90% dos que fugiram da Ucrânia são mulheres e crianças, já que as autoridades ucranianas não permitem a saída de homens em idade militar.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) adiantou também que cerca de 210 mil não ucranianos também fugiram do país, acrescentando que muitos estão a encontrar dificuldades para regressar ao seu país de origem.
Segundo avançou a OIM na terça-feira, o número de deslocados internos (pessoas que fugiram das suas casas, mas permanecem na Ucrânia) já atinge 7,1 milhões de pessoas. No total, mais de 11 milhões de pessoas, ou seja, mais de um quarto da população ucraniana, deixaram as suas casas, entre os que fugiram para países vizinhos e os que encontraram refúgio noutros lugares da Ucrânia.