ONU: ordem de evacuação de Israel em Gaza pode violar direito internacional

'É necessário garantir um acesso humanitário urgente, imediato e sem impedimentos', declarou a porta-voz dos Direitos Humanos da ONU

Da Redação

ONU: ordem de evacuação de Israel em Gaza pode violar direito internacional
Gaza
REUTERS/Mohammed Salem REFILE

O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou, nesta terça-feira (17), que o cerco israelense a Gaza e a ordem para que civis se desloquem para o sul da região pode indicar violações de leis de guerra e do direito internacional.

Segundo a porta-voz da agência da ONU, Ravina Shamdasani, Israel parece não ter se esforçado para garantir aos deslocados temporários tenham acesso a alojamentos adequados, além de condições de higiene, saúde, segurança e alimentação. 

“Estamos preocupados que esta ordem, combinada com a imposição de um ‘cerco total’ a Gaza, possa não ser considerada uma evacuação temporária legal e, portanto, equivaleria a uma transferência forçada de civis – em violação do direito internacional”, declarou a porta-voz em comunicado à imprensa. 

“Aqueles que conseguiram cumprir a ordem de evacuação das autoridades israelenses estão agora encurralados no sul da Faixa de Gaza, com poucos abrigos, abastecimento alimentar que se esgota rapidamente, pouco ou nenhum acesso a água potável, saneamento, medicamentos e outras necessidades básicas”, acrescentou. 

Ravina Shamdasani faz um apelo da ONU por uma pausa humanitária para permitir que essas pessoas tenham acesso à ajuda e para evitar mais sofrimento e mortes da população civil em Gaza. “É necessário garantir um acesso humanitário urgente, imediato e sem impedimentos”, afirmou. 

O conflito já deixou mais de 4.2 mil mortos, entre israelenses e palestinos, e mais de 1 milhão de pessoas deslocadas desde 7 de outubro, quando o grupo terrorista Hamas invadiu o território de Israel. 

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos aponta que o número de mortos inclui mulheres e crianças, 11 jornalistas palestinos, 28 médicos e 14 funcionários da organização. 

Resolução sobre o conflito no Oriente Médio 

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deve votar, nesta terça-feira (17), em Nova York, nos Estados Unidos, a proposta de resolução do Brasil sobre o conflito entre Israel e o Hamas.

Na noite desta segunda-feira (16), o bloco rejeitou o texto russa sobre a guerra, que apresentava a proposta de um cessar-fogo imediato, a abertura de corredores humanitários e a liberação de reféns com segurança, mas não condenava diretamente o Hamas pelos atos de violência cometidos.

A proposta da Rússia teve cinco votos favoráveis, quatro contrários e seis abstenções. Para aprovar uma resolução na ONU, é preciso o apoio de 9 dos 15 membros e nenhum dos membros permanentes (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) pode vetar o texto.

O texto elaborado pelo Brasil condena “os ataques terroristas do Hamas”; pede a libertação imediata de todos os reféns; pede que as partes cumpram as obrigações sob o direito internacional; sem citar Israel, a proposta pede a rescisão da ordem para que civis e funcionários da ONU na Faixa de Gaza se desloquem do Norte para o Sul da região; além do cessar-fogo humanitário para permitir acesso à ajuda.

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