A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) informou nesta sexta-feira (26) que abriu uma investigação sobre funcionários suspeitos de envolvimento nos ataques do Hamas de 7 de outubro em Israel.
“As autoridades israelenses forneceram à UNRWA informações sobre o suposto envolvimento de vários funcionários da agência nos horríveis ataques a Israel em 7 de outubro”, declarou o porta-voz Philippe Lazzarini.
Em comunicado, o porta-voz da agência Philippe Lazzarini declarou que decidiu rescindir, de forma imediata, os contratos dos funcionários que estão sendo investigados, “com o objetivo de estabelecer a verdade”.
"Para proteger a capacidade da agência de prestar assistência humanitária, tomei a decisão de rescindir imediatamente os contratos desses funcionários e iniciar uma investigação para estabelecer a verdade sem demora”, declarou o porta-voz da UNRWA. “Qualquer funcionário que esteja envolvido em atos de terrorismo será responsabilizado, inclusive através de processo criminal”, pontuou.
Philippe Lazzarini reforçou que a UNRWA condena “nos termos mais fortes possíveis” os ataques de 7 de outubro a Israel e apela pela libertação imediata de todos os reféns israelenses levados para cativeiros na Faixa de Gaza.
“Estas alegações chocantes surgem em um momento em que mais de dois milhões de pessoas em Gaza dependem da assistência vital que a Agência tem prestado desde o início da guerra. Qualquer pessoa que traia os valores fundamentais das Nações Unidas também trai aqueles a quem servimos em Gaza, em toda a região e em outras partes do mundo”, finalizou Philippe Lazzarini.
O porta-voz do governo de Israel, Eylon Levy, acusou a UNRWA de anunciar a investigação enquanto a atenção do mundo estava focada na primeira decisão da Corte Internacional de Justiça, que ordenou que Israel adote medidas para evitar genocídio contra os palestinos.
“Em qualquer outro dia, essa teria sido uma manchete importante: Israel apresenta provas da cumplicidade dos funcionários da ONU com o Hamas”, escreveu Eylon Levy na plataforma X, antigo Twitter.
Segundo a agência de notícias Reuters, Antonio Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, foi informado sobre as acusações.
Devido ao suposto envolvimento de funcionários UNRWA no ataque terrorista de 7 de outubro, os Estados Unidos suspendeu, de forma provisória, o financiamento adicional à agência. O país foi um dos maiores doadores em 2022, junto a Alemanha e a União Europeia.
“O Departamento de Estado suspendeu temporariamente o financiamento adicional para a UNRWA enquanto analisamos essas alegações e as medidas que as Nações Unidas estão tomando para resolver”, disse o porta-voz Matthew Miller.
A Assembleia Geral das Nações Unidas criou a UNRWA em 1949 como forma de fornecer assistência humanitária e proteção aos refugiados palestinos registados na área de operações da agência, enquanto se aguarda uma solução duradoura para a situação.
A UNRWA opera na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano e Síria.