ONU elogia decisão do STF de derrubar marco temporal das terras indígenas

No entanto, a entidade está preocupada com a discussão de um projeto de lei que estabelece o marco temporal no Congresso

Da Redação, com informações da ONU News

ONU elogia decisão do STF de derrubar marco temporal das terras indígenas
Indígenas no STF durante julgamento do marco temporal
Nelson Jr./SCO/STF

O alto comissário de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Volker Turk, classificou como “muito encorajadora” a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil que rejeitou o marco temporal de terras indígenas por nove votos a dois

Segundo a teoria jurídica, os povos indígenas que não viviam em suas terras ancestrais em 1988, quando a atual Constituição do Brasil foi aprovada, estariam impedidos de solicitar a demarcação de suas terras.

Por meio de mensagem transmitida pela porta-voz, Marta Hurtado, o chefe de Direitos Humanos ressaltou que a decisão é importante para impedir a continuidade de injustiças contra esta população. 

Ela disse que “limitar a demarcação dessa forma teria consequências extremamente graves, incluindo impedir que essas comunidades retornassem às terras das quais haviam sido expulsas e desfrutassem dos direitos humanos associados. Também teria perpetuado e agravado injustiças históricas sofridas pelos povos indígenas do Brasil”. 

O STF deve deliberar ainda sobre a questão da indenização para aqueles que adquiriram terras indígenas de boa-fé. Segundo a porta-voz, o Alto Comissariado pede uma rápida resolução desta questão, destacando que é importante que o acesso efetivo dos povos indígenas às suas terras não seja impedido.

Marco temporal no Congresso

Marta Hurtado afirmou que a entidade está preocupada com o fato de que um projeto de lei está sendo discutido no Congresso, que busca estabelecer por meio de legislação a mesma restrição temporal que foi rejeitada pelo STF. O projeto de lei também inclui outros obstáculos aos processos de demarcação de terras indígenas.

Os senadores discutem uma proposta sobre o mesmo tema. Depois de aprovado, em julho, pela Câmara dos Deputados, o projeto de lei que estabelece o marco temporal também está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A votação ocorreria na última quarta-feira (20), mas foi adiada.

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