Israel e o grupo radical islâmico Hamas concordaram com três pausas humanitárias separadas de três dias em diferentes áreas da Faixa de Gaza para permitir que as autoridades de saúde da ONU administrem vacinas contra a poliomielite no território, informou nesta quinta-feira (29/08) a Organização Mundial da Saúde (OMS). A campanha deve ter início neste domingo.
No começo do mês, Gaza registrou seu primeiro caso da doença em 25 anos.
"Da maneira como discutimos e concordamos, a campanha começará no dia primeiro de setembro, no centro de Gaza, por três dias, e haverá uma pausa humanitária durante a vacinação", disse Rik Peeperkorn, representante da agência para os territórios palestinos.
A campanha de vacinação também abrangerá o sul e o norte de Gaza, que terão suas próprias pausas de três dias, conforme informou Peeperkorn. Ele acrescentou que Israel concordou em permitir um quarto dia adicional, se necessário. Segundo ele, as pausas devem ocorrer entre 6h e 15h.
Preocupação após primeiro caso em 25 anos
Os Estados Unidos e a União Europeia expressaram preocupação com a poliomielite em Gaza, depois que o primeiro caso em 25 anos no território foi confirmado este mês em um bebê de 10 meses não vacinado.
As agências da ONU disseram que planejam fornecer vacinas orais contra o poliovírus tipo 2 (cVDPV2) a mais de 640 mil crianças no território.
O poliovírus é altamente infeccioso e, na maioria das vezes, se espalha por meio de esgoto e água contaminada – cada vez mais comum em Gaza, com grande parte da infraestrutura do território destruída no conflito entre Israel e o Hamas.
A doença afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade e pode causar deformidades e paralisia, além de ser potencialmente fatal.
O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. No entanto, até que a doença seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante, entre outras medidas.
Mais de 40 mil palestinos mortos, segundo Hamas
O mais recente derramamento de sangue no conflito israelo-palestino que já dura décadas foi desencadeado em 7 de outubro, quando o grupo islâmico palestino Hamas atacou Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo cerca de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.
O ataque subsequente de Israel ao território governado pelo Hamas desde então matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde local controlado pelo grupo radical, além de deslocar quase toda a população de 2,3 milhões de pessoas de Gaza, causando uma crise de fome e levando a alegações de genocídio no Tribunal Mundial, as quais Israel rejeita.
md/le (AFP, Reuters)