Ocidente condena agressão de Israel à missão da ONU no Líbano

Alemanha, Reino Unido, França e Itália e União Europeia defendem presença da Unifil no sul libanês. Missão de paz rejeita apelos de Netanyahu e mantém suas posições na região

Por Deutsche Welle

Ataque de Israel no sul do Líbano
REUTERS/Aziz Taher

Os governos da Alemanha, Reino Unido, França e Itália e a diplomacia da União Europeia (UE) condenaram as agressões de Israel às bases e soldados da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil).

Em declaração conjunta divulgada nesta segunda-feira (14), as quatro nações europeias afirmaram que os ataques à missão de paz no sul do Líbano violam leis internacionais.

Os países reforçaram o "papel estabilizador fundamental" da Unifil na região, que se tornou um dos centros do conflito entre o Israel e o grupo xiita Hezbollah após a invasão por terra das tropas israelenses. A declaração afirma que Israel e as partes envolvidas no confronto devem agir para garantir a segurança dos membros da Unifil.

Em Bruxelas, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, enalteceu o trabalho da Unifil no Líbano e disse que os ataques israelenses são "completamente inaceitáveis".

Base invadida por tanques

Neste domingo, a Unifil denunciou que dois tanques israelenses derrubaram o portão principal e forçaram a entrada em uma de suas bases.

A missão da ONU relatou que os tanques permaneceram no local por 45 minutos. Mais tarde, no mesmo local, soldados da ONU relataram explosões a 100 metros da base que geraram uma fumaça que teria causado irritações na pele e problemas gastrointestinais em 15 membros da Unifil.

Criada após a invasão israelense no Líbano, em 1978, a Unifil mantém 29 posições no sul libanês, com cerca de 10 mil soldados de várias nacionalidades, incluindo centenas de europeus.

Netanyahu nega invasão da base da Unifil

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira que as acusações de que seus soldados teriam invadido a base da Unifil eram "completamente falsas" e voltou a pedir que a missão da ONU deixasse a região.

Ele disse que seus tropas fazem todo o possível para evitar danos à missão de paz, mas reafirmou que "a melhor maneira de garantir a segurança dos membros da Unifil é atender o pedido de Israel e sair temporariamente da zona de perigo".

O premiê disse ainda que o Hezbollah "usa as instalações e posições da Unifil como cobertura, enquanto ataca cidades e comunidades israelenses".

Unifil rejeita deixar suas posições

O subsecretário-geral das Operações de Manutenção de Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, assegurou que a Unifil permanecerá no sul do Líbano, apesar dos apelos de Israel. "Nós ficaremos. Estamos no sul do Líbano sob um mandato do Conselho de Segurança da ONU. Assim, é importante manter presença internacional e manter a bandeira da ONU da região", afirmou.

"Foi tomada a decisão de que a Unifil continuará em todas as suas posições, apesar dos pedidos das Forcas de Defesa de Israel para que abandonássemos nossas bases próximas à Linha Azul [na fronteira entre Israel e Líbano]", sublinhou Lacroix.

"Quero enfatizar que essa decisão ainda permanece", acrescentou, dizendo que o plano foi confirmado horas antes junto ao secretário-geral da ONU, António Guterres.

Conselho de Segurança pede garantias

O Conselho de Segurança da ONU se manifestou nesta segunda-feira após os incidentes envolvendo os soldados da missão de paz, pedindo garantias ao bem estar dos membros da missão.

"Contra o cenário de hostilidades ao longo da Linha Azul, os membros do Conselho de Segurança expressam forte preocupação após diversas posições da Unifil estarem sob fogo nos últimos dias. Vários membros da missão de paz foram atingidos", disse em nota a presidência rotativa do Conselho, ocupada pelo embaixador da Suíça, Pascale Baeriswyl.

A declaração afirma que todos os 15 membros do Conselho "apelam a todas as partes para que respeitem a segurança dos membros da Unifil e suas instalações".

rc (AP, Reuters, AFP)

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