O colunista Thomas Friedman, do New York Times, explica aos "frustrados" israelenses com o encontro entre Joe Biden e Benjamin Netanyahu, em Nova York, que o que aconteceu é muito diferente do que parece.
Netanyahu saiu do encontro com um convite para visitar Biden na Casa Branca, até o final do ano, e com perspectivas de normalização de relações diplomáticas com a capital do islamismo mundial, a Arábia Saudita.
Só que para tanto, Biden vai aceder às ambições nucleares sauditas e ainda assinar um pacto de defesa com o príncipe Mohammed bin Salman (MBS), suspeito no esquartejamento do colunista do Washington Post Jamal Ahmad Khashoggi, em Istambul, na Turquia.
Só que para tanto, MBS terá que estabelecer relações com Israel, o que será um desafio tão grande para o mundo árabe quanto foi a ida do egípcio Anuar Sadat à Jerusalém.
Só que para tanto, Benjamin Netanyahu terá que fazer concessões aos palestinos para permitir a solução de dois Estados vizinhos e acabar com a colonização da Cisjordânia de maneira verificável.
Só que o governo Netanyahu está formado por uma coligação majoritariamente a favor da anexação dos territórios conquistados em 1967, é contra o direito dos palestinos e de uma Palestina independente.
Ou seja: Netanyahu, para ir à Casa Branca até o final do ano e conquistar a paz com a Arábia Saudita, terá que expor sua coligação ao suicídio e conclamar um governo de União Nacional. Será possível? E a reforma judicial considerada um golpe contra a democracia israelense? Esqueça.
Sábio Joe Biden, conclui Tom Friedman. Com a idade ele está mais fraco, ouve menos, mas ficou brilhante na diplomacia.