Na noite desta quarta-feira (23/08), a agência de notícias estatal russa RIA Novosti informou que um avião particular, de propriedade do chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, caíra em Kuzhenkino, na região de Tver, cerca de 100 quilômetros ao norte de Moscou, matando todos os seus dez ocupantes. Corpos carbonizados foram resgatados, mas serão necessários exames de DNA para identificá-los definitivamente.
Quem estava a bordo?
Além de Prigozhin, da lista de passageiros constavam seu vice, Dmitri Utkin, além de Sergei Propustin, Yevgeny Makaryan, Alexander Totmin, Valery Chekalov e Nikolai Matuseyev. Os tripulantes foram identificados como capitão Alexei Levshin, copiloto Rustam Karimov e comissária de bordo Kristina Raspopova.
Autoridades de aviação da Rússia informaram que, antes da queda, a aeronave do tipo Embraer Legacy, registrada no nome de uma das companhias de Prigozhin, estava voando há menos de meia hora, na rota entre a capital e São Petersburgo.
Acidente ou assassinato por vingança?
Sob a responsabilidade do governador de Tver, Igor Rudenya, a Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia (Rosaviatsiya) iniciou uma investigação sobre o desastre, sob o Artigo 263 do Código Penal, que governa a segurança do tráfego e as operações do transporte aéreo russo.
Participantes do canal do Telegram Grey Zone, ligado ao Grupo Wagner, afirmaram que o jato foi abatido pelas Forças Armadas russas – sem fornecer dados que confirmem a alegação. Um segundo avião comercial de propriedade de Prigozhin teria aterrissado em segurança na região de Moscou.
A mesma fonte postou vídeos em que um avião tomba como uma pedra, de uma grande nuvem de fumaça, girando descontroladamente e sem uma das asas. Segundo a agência de notícias AP, trata-se de uma queda livre típica de uma aeronave seriamente danificada. A comparação de dois vídeos, quadro a quadro, também confirmaria a ocorrência de uma explosão em pleno voo.
Os adeptos do oligarca não são os únicos a suspeitar de um assassinato por vingança. Além de diversos analistas e observadores, o próprio presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comentou: "Não sei o que aconteceu, mas não estou surpreso. Não há muito que aconteça na Rússia sem Putin saber."
Quem é/foi Yevgeny Prigozhin?
Nascido em 1961 em São Petersburgo, o oligarca Yevgeny Prigozhin fundou o Grupo Wagner em 2014, registrando-o como "companhia militar particular" (forças mercenárias são tecnicamente ilegais na Rússia).
Quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a milícia, notória por sua brutalidade, lutou ao lado do Exército russo regular, chegando a capturar a cidade de Bakhmut. Em 23 de junho de 2023, contudo, frustrado com a liderança militar, que classificava como ineficaz, Prigozhin encenou um motim, mobilizando suas tropas para entrarem em Moscou numa "marcha pela justiça".
Em seguida a negociações, a operação foi suspensa poucas horas mais tarde. Apesar de Putin classificá-la como "traição" e "facada nas costas" e prometer punir os perpetradores, o Kremlin concedeu impunidade ao oligarca, sob a condição de que emigrasse para Belarus. Desde então, contudo, especula-se até que ponto a ira do presidente russo estava realmente apaziguada.
Apesar do banimento, no fim de julho Prigozhin apresentou-se na cúpula para a África em São Petersburgo, acompanhado por um representante da República Centro-Africana. Em 21 de agosto, canais do Telegram ligados ao Grupo Wagner divulgaram um vídeo em que o líder mercenário sugeria estar na África para torná-la "ainda mais livre" – e a Rússia "ainda maior em todos os continentes" –, e convocava recrutas para a luta.
av/md (AP, Reuters, DPA, ots)