Enquanto o ex-ministro Benny Gantz anunciava a sua saída do governo israelense, na noite de domingo, o primeiro-ministro Netanyahu fazia-lhe um apelo via plataforma X: “Benny, este não é o momento de abandonar a campanha — este é o momento de unir forças”.
Não adiantou. Como havia prometido há três semanas, Gantz retirou-se com seu partido Unidade Nacional, deixando o governo com maioria de quatro votos no Parlamento, ou 64 entre 120. Ele representava três votos, com os ministros Gadi Eisenkot e Chili Tropper, que saíram atirando em suas cartas de demissão.
Benny Gantz deu oxigênio a Netanyahu ao participar de um governo de emergência nacional. Mas há algum tempo ele vinha exigindo um plano pós-guerra para Gaza e os palestinos, um claro aceno para a mão estendida da Arábia Saudita para a normalização de relações entre os dois países, e a adesão a um acordo negociado para a libertação dos reféns em poder do Hamas, além de uma data para eleições antecipadas em Israel. O prazo terminou no sábado, quando a renúncia foi adiada para este domingo, por causa da operação militar que libertou quatro dos reféns.
“Depois de 7 de outubro, tal como centenas de milhares de israelenses patriotas, os meus colegas e eu também nos mobilizamos (aderindo à coligação), mesmo sabendo que era um mau governo. O povo de Israel, os combatentes, os comandantes, as famílias dos assassinados, as vítimas e os reféns precisavam de unidade e apoio como precisavam de ar para respirar”, explicou Gantz.
Infelizmente, Netanyahu nos impede de progredir para uma verdadeira vitória. Estamos deixando o governo de emergência com o coração pesado, mas de todo o coração.
Em sua carta de demissão, Eisenkot acusou Netanyahu de introduzir considerações externas e políticas nas decisões importantes para os objetivos da guerra e melhorar a posição estratégica de Israel. “Portanto, é hora de deixarmos o governo”.
Os dois ministros da extrema direita, Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben Gvir (Segurança Nacional), querem vantagens após a retirada de Benny Gantz. Em carta a Netanyahu, pedem um lugar no Gabinete de Guerra para “alertar em tempo real contra a concepção que todos aceitam hoje que estava errada”. E acusam Gantz de “servir os inimigos de Israel ao renunciar a um governo em tempo de guerra”.
Gantz ressaltou, em sua renúncia, que “não é um vigarista” nem um político que colocaria sua carreira política acima das necessidades do Estado: “Prometo a vocês uma coisa: estou preparado para morrer por seus filhos. Meus colegas e eu sempre nos levantaremos quando o país precisar de nós... a qualquer preço político. Arrisquei minha vida pelo estado na linha de fogo dezenas de vezes”.