O que é uma pessoa intersexo? Entenda características

Assunto cresceu nas redes sociais depois que a influenciadora Karen Bacchini anunciou que é intersexo; no mundo, até 136 milhões de pessoas podem pertencer ao grupo

Da redação

Influenciadora Karen Bachini contou que é intersexo: entenda características
Reprodução/YouTube

Pessoas intersexo nascem com características sexuais físicas que não se enquadram nas definições típicas e binárias masculinas e femininas, de acordo com definição do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh).

Essas características podem se manifestar na anatomia, nos órgão reprodutores, nos cromossomos e nos hormônios. Em alguns casos, é possível perceber os traços intersexuais no nascimento, mas eles também podem se tornar aparentes só na puberdade ou nunca serem visíveis.  

Segundo a Associação Intersexo da América do Norte, existem pessoas que morrem sem saber que são intersexo, com a descoberta sendo feita na autópsia.

Existem variações cromossômicas que não aparecem fisicamente. Uma pessoa pode nascer com um mosaico de cromossomos, com algumas células sendo XX (ligadas ao feminino) e outras sendo XY (ligadas ao masculino).

Os traços intersexo podem ser de uma grande variedade. Para dar apenas dois exemplos que a associação aponta, uma pessoa pode nascer com as características aparentes femininas, mas com anatomia interna masculina.

Ou os órgãos reprodutivos podem estar no meio do caminho entre o típico do feminino e do masculino - como alguém que nasce com características femininas, mas sem abertura vaginal.

Segundo a Acnudh, entre 0,05% e 1,7% da população nasce com características intersexuais. Como esses corpos são vistos como diferentes, crianças e adultos intersexo podem ser discriminados e ter direito à saúde negado. No Brasil, pelo menos 100 mil pessoas pertencem ao grupo.

Relato de discriminação

Nascida em 1990, Camila (nome fictício) é uma pessoa intersexo que deu seu depoimento ao escritório da ONU. Ela nasceu com um pênis e o médico disse à família que o atraso no desenvolvimento do órgão era transitório.  

Entretanto, a promessa do médico de que aquelas características desapareciam com o tempo não se cumpriu: as coisas só foram piorando e a minha feminilidade ficando cada vez mais evidente.

O pior período para ela foi durante a adolescência, quando sofria ataques na escola por ser quem era. 

Minha aparência física e minha forma de me comportar e de me relacionar era feminina, e as pessoas da cidade me notavam de maneira diferente, o que resultou em inúmeras perseguições, com inúmeros apelidos pejorativos — como ‘travequinho’, ‘bichinha’, ‘veadinho’ e ‘boiolinha’, relatou.

Em 2010, Camila, que também é uma mulher transexual, fez a cirurgia de redesignação, procedimento cirúrgico que muda características genitais de um indivíduo. "No mesmo ano ocorreu minha retificação dos documentos e agora sou mulher também oficialmente nos documentos".

Ela aponta que uma das discriminações que pessoas intersexuais vivem é a realização de procedimentos médicos que não envolvem autonomia do próprio indivíduo, como cirurgias em bebês. "Existem, sim, pessoas intersexuais, e estas podem ou não vivenciar esta situação de sua biologia ambígua".

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