Nunes derrota Boulos com folga em São Paulo

PT elege apenas um prefeito de capital. Bolsonarismo acumula sete derrotas em segundo turno dominado pelo Centrão.

Por Deutsche Welle

Eleitores de 51 cidades do Brasil, incluindo 15 capitais, foram às urnas neste domingo (27/10). Ao final da apuração, partidos do “Centrão” (MDB, PSD, PP, Avante, Podemos, União) conseguiram conquistar 11 capitais. O PSD comandando por Gilberto Kassab acabou levando Curitiba e Belo Horizonte.

O PT do presidente Lula conseguiu eleger apenas um prefeito de capital neste domingo, Evandro Leitão, em Fortaleza, e acabou saindo derrotado de outras três disputas (Porto Alegre, Natal e Cuiabá). No primeiro turno, o PT não havia conquistado nenhuma prefeitura de capital.

Neste domingo, Lula ainda viu seu candidato em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) ser derrotado pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Já o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, que disputava nove capitais no segundo turno, também colecionou uma série de derrotas. No final, a legenda conseguiu eleger dois prefeitos neste segundo turno (Aracaju e Cuiabá). Entre os derrotados neste domingo estava o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que disputava a prefeitura de João Pessoa.

No quadro geral, no entanto, o PL ficou numa situação bem mais confortável que o PT, já que somava ainda no primeiro turno duas capitais conquistadas (Maceió e Rio Branco).

Confira outros destaques do segundo turno

São Paulo: prefeito Nunes derrota Boulos

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) derrotou Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo e se reelegeu neste domingo (27) para um novo mandato de quatro anos, ao conquistar quase 60% dos votos.

Nunes assumiu comando da capital paulista em maio de 2021, após a morte de Bruno Covas (PSDB), de quem era vice-prefeito. Antes disso, ele foi vereador por dois mandatos.

Já para o psolista Boulos, o segundo turno deste domingo marcou sua segunda derrota na disputa pela prefeitura de São Paulo. A última havia sido em 2020, quando ele foi derrotado por Covas.

No primeiro turno, a capital paulista havia sido palco de uma das eleições mais acirradas de sua história: Nunes ficou em primeiro com 29,48% dos votos válidos, Boulos, com 29,07%. Na sequência, veio o coach e agitador antissistema Pablo Marçal, com 28,14% – uma diferença entre eles de menos de 100 mil votos, num universo de cerca de 9 milhões de eleitores.

A campanha paulistana também foi marcada por sucessivos incidentes. Marçal, um novato em disputas políticas, roubou o protagonismo durante boa parte da campanha lançando factoides e ofensas pessoas contra os rivais. Na reta final do primeiro turno, Marçal chegou até mesmo a divulgar um laudo forjado contra Boulos para associá-lo falsamente ao consumo de drogas. Ainda na campanha, uma "cadeirada" que o "coach" levou num debate do adversário Datena (PSDB) chegou a ganhar destaque (negativo) na imprensa internacional.

No segundo turno, foi a vez de aliados de Nunes lançarem ataques similares contra Boulos. Pouco antes do pleito deste domingo, o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou, sem provas, que a organização criminosa PCC havia orientado voto em Boulos, adicionando mais um episódio negativo numa campanha marcada por ataques e ofensas pessoais.

Curitiba: Establishment consegue frear outsider de ultradireita

Após um primeiro turno surpreendente, as forças do establishment político local ligadas ao vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) reagiram e conseguiram frear a ascensão da candidatura da jornalista de ultradireita Cristina Graeml (PMB).

Com 100% dos votos apurados, Pimentel, membro de uma dinastia política e empresarial do Paraná e neto do ex-governador Paulo Pimentel, conseguiu 57,64% dos votos válidos, contra 42,36% de Graeml. A candidatura de Pimentel era apoiada pelo atual prefeito Rafael Greca, que conta com alta aprovação, e pelo governador Ratinho Jr.

No primeiro turno, Graeml havia repetido na capital paranaense um fenômeno similar ao de Pablo Marçal em São Paulo, disparando nas pesquisas na reta final da campanha, graças a uma forte presença nas redes sociais, mesmo sem contar com o apoio de forças políticas locais relevantes. Em 6 de outubro, ela havia ficado apenas 2,4 pontos atrás de Pimentel.

Na campanha do segundo turno, Pimentel e seus aliados destacaram a falta de experiência política de Graeml, que ainda se viu envolvida em controvérsias sobre algumas de suas propostas, com um plano de cobrar a tarifa de transporte público por quilômetro rodado e a a cobrança por serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) para moradores da região metropolitana de Curitiba.

Sem aliados locais, Graeml também se viu dependente de apoios de fora da cidade, chegando a anunciar que pretendia nomear como secretária de Saúde uma negacionista da pandemia que comandou a pasta da Saúde em Porto Seguro (BA). O anúncio acabou sendo amplamente explorado pela campanha de Pimentel, que chamou Graeml de “extremista”.

Porto Alegre: prefeito é reeleito apesar de reprovação causada por enchentes

Na capital gaúcha, o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), foi reeleito neste domingo com 61,5% dos votos. Ele derrotou a deputada federal Maria do Rosário (PT), que obteve 38,5%.

A campanha na capital gaúcha foi marcada por críticas de adversários de Melo sobre a gestão do prefeito durante as enchentes de maio. Em junho, na esteira do desastre, Melo chegou a amargar índices de reprovação que chegaram quase a 60%, mas o resultado da eleição mostrou que o atual mandatário conseguiu recuperar apoio na capital.

Fortaleza: PT consegue vitória solitária após maus resultados no primeiro turno

O PT, que não elegeu nenhum prefeito de capitais no primeiro turno, conseguiu um prêmio de consolação neste domingo, ao eleger o petista Evandro Leitão como prefeito de Fortaleza, a capital mais populosa do Nordeste, onde o lulismo é mais forte.

Neste domingo, numa disputa acirrada Leitão recebeu 50,38% dos votos, à frente do bolsonarista André Fernandes (PL), que obteve 49,62%. O resultado também marcou uma virada em relação ao primeiro turno, no qual Fernandes havia ficado à frente.
Fortaleza já havia protagonizado um primeiro turno que desafiou candidatos tidos como favoritos. O atual prefeito, José Sarto (PDT), apesar de ser de um partido com longa tradição no Ceará, ficou em terceiro lugar. E Capitão Wagner (União), que em 2022 quase foi eleito governador, acabou a disputa em quarto lugar.

No final, foram ao segundo turno André Fernandes (PL), que recebeu 40,2% dos votos válidos, e Evandro Leitão (PT), que teve 34,33%.
Lula inclusive foi a Fortaleza fazer campanha para Leitão após o resultado do primeiro turno, ao lado do petista Camilo Santana, atual ministro da Educação, que já governou o Ceará por dois mandatos.

Resultados de disputas deste domingo:

São Paulo

Ricardo Nunes (MDB): 59,4%
Guilherme Boulos (PSOL): 40,6%

Belém

Igor (MDB): 56,36%
Delegado Eder Mauro (PL): 43,64%

Curitiba

Eduardo Pimentel (PSD): 57,64%
Cristina Graeml (PMB): 42,36%

João Pessoa

Cicero Lucena (PP): 63,91%
Marcelo Queiroga (PL): 36,09%

Aracaju

Emilia Correa (PL): 57,46%
Luiz Roberto (PDT): 42,54%

Campo Grande

Adriane Lopes (PP): 51,45%
Rose Modesto (União): 48,55%

Palmas

Eduardo Siqueira Campos (Podemos): 53,03%
Janad Valcari (PL): 46,97%

Porto Velho

Léo (Podemos): 56,18%
Mariana Carvalho (União): 43,82%

Natal

Paulinho Freire (União): 55,36%
Natália Bonavides (PT): 44,64%

Cuiabá

Abilio (PL): 53,8%
Lúdio (PT): 46,2%

Porto Alegre

Sebastião Melo (MDB): 61,53%
Maria do Rosário (PT): 38,47%

Goiânia

Fred Rodrigues (PL): 55,54%
Mabel (União): 44,46%

Manaus

David Almeida (Avante): 54,59%
Capitão Alberto Neto (PL): 45,41%

Fortaleza

André Fernandes (PL): 50,38%
Evandro Leitão (PT): 49,62%

Belo Horizonte

Fuad Noman (PSD): 53,7%

Bruno Engler (PL): 46,3%

jps (ots)

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