Nukhba: a droga do Hamas invade Israel

Ela se tornou a droga mais vendida entre israelenses em raves e discotecas, e a mais apreendida com traficantes nas fronteiras da Jordânia e do Egito

Nukhba: a droga do Hamas invade Israel
Reprodução/Polícia de Israel

Estava no bolso de muitos terroristas do Hamas que mataram 1.200 pessoas em Israel, em 2023. Foi encontrada, também, no bolso dos terroristas do Estado Islâmico que mataram 130 pessoas em Paris, em novembro de 2015. É uma droga que reduz o cansaço, eleva a autoconfiança, tira o apetite, melhora o desempenho e a resistência física. Hoje, no Oriente Médio, ela pode ser comprada, ilegalmente, sob novo nome: “Nukhba”.  

Nukhba é “elite”, em árabe. A Força Nukhba liderou a invasão ao sul de Israel das Brigadas Al-Qassan, do Hamas. Tornou-se, hoje, o nome da droga mais vendida entre israelenses em raves e discotecas, e a mais apreendida com traficantes nas fronteiras da Jordânia e do Egito. Mas não é uma droga nova.  

O doutor Uriel Bertler, inspetor-chefe da Polícia e especialista do Laboratório Nacional de Narcóticos de Israel, explicou, ao jornal Yedioth Ahronoth (Ynetnews), que Nukhba é apenas mais um nome para a droga comercializada como Captagon (ou fenetilina, seu nome químico), desenvolvida no início da década de 1960 para crianças com distúrbio de atenção. Proibida em 1980, por ser altamente viciante, em 1990 alguns atletas olímpicos ainda a usavam e foram flagrados nos testes de doping.

Nukhba já foi conhecida como “cocaína de pobre”, produzida em laboratórios clandestinos. O doutor Bertler adverte que o Captagon vendido no mercado negro, falsificado, é perigoso. “Apreendemos milhares de comprimidos todos os anos”, ele contou ao Ynetnews. Os hospitais israelenses já trataram pacientes com efeitos colaterais graves depois que tomaram o que acreditavam ser “droga de festa”. Um deles lembrou que “confiou no seu revendedor de todos os tipos de drogas”, e levou um susto: “O ecstasy geralmente entra em cena em 30 a 60 minutos, mas o que comprei funcionou instantaneamente. Foi como a mistura de um estimulante à cocaína”.

Sem ter seu nome revelado, ele acrescentou: “Eu podia sentir no meu corpo que algo estava errado. Não parecia calmante. Criou um acúmulo de energia poderosa que precisava de uma saída. Muitos dos meus amigos sentiram o mesmo, enquanto outros não perceberam nenhuma diferença. Gostei. Deixei o clube com outro amigo porque não queria liberar essa energia por lá. Saí para me acalmar — e, depois de uma hora, tudo voltou ao normal.”

O que distingue o comprimido de outros similares são as duas meias-luas em um dos lados. A central de produção da droga era a Síria, antes da deposição de Bashar al-Assad. Irmão do ditador e comandante da quarta divisão blindada síria, Maher al-Assad lucrava 5 bilhões de dólares por ano, traficando para organizações terroristas, como o Hamas e o Hezbollah.  

O Líbano também é um produtor. Palestinas do campo de refugiados de Dheisheh, ao Sul de Belém, na Cisjordânia ocupada, foram detidas na Ponte Allenby, no ano passado, com quatro quilos de Captagon em sacos presos a seus corpos. Mais de 75 mil comprimidos destinados a um importador de Gaza foram apreendidos em Nitzana, no Neguev, misturados a um carregamento de meia tonelada de tabaco.  

Na Guerra do Yom Kippur, em 1973, um soldado israelense foi mobilizado enquanto drogado. Pegou um tanque e saiu para o combate no Golã. Estava só, mas delirava, achando que outros tanques, com seus companheiros de unidade, o escoltavam. Mandava mensagens para a central de comando, antecipava qual inimigo iria abater, e abateu tantos que se tornou um herói. Só parou ferido, quando foi resgatado. Israel testou drogas em combate, mas não as adotou. A Nukhba usada pelo terror invadiu as noites israelenses, como uma sequela do ataque do Hamas de 2023.

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