O novo primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, confirmou neste sábado (06/07) a sua intenção de abandonar o plano do governo conservador anterior que pretendia expulsar migrantes ilegais para Ruanda.
O projeto "estava morto e enterrado antes mesmo de começar (…) Não estou disposto a continuar com medidas enganosas", disse Starmer durante uma coletiva de imprensa organizada após o primeiro conselho de ministros do novo governo britânico.
Durante a campanha eleitoral, o líder trabalhista já havia anunciado a sua intenção de engavetar o projeto do governo anterior de fretar aviões para levar migrantes em situação irregular para Ruanda.
O novo primeiro-ministro britânico, cuja vitória nas eleições de quinta-feira pôs fim a 14 anos de governos conservadores, aposta em uma estratégia de combate às rede de tráfico humano para colocar fim à imigração irregular.
Seu antecessor, o conservador Rishi Sunak, havia tentado colocar em prática o "plano Ruanda" de expulsões para desencorajar a chegada contínua de migrantes em pequenas embarcações através do Canal da Mancha, que separa as costas do Reino Unido e da França.
Mas Sunak e seu antecessor também conservador e idealizador deste plano, Boris Johnson, sempre enfrentaram resistência por parte de organizações de direitos humanos, que criticaram o convênio fechado com o governo de Ruanda, que fica a quase 7 mil quilômetros de distância do Reino Unido.
Gupos de direitos humanos também apontavam que o veterano presidente de Ruanda, Paul Kagame, governa em um clima de medo, sufocando a dissidência e a liberdade de expressão. O acordo inicial de cooperação previa que Ruanda receberia 120 milhões de libras (R$ 765 milhões) para receber os deportados. Mas o governo britânico acabou desembolsando 300 milhões, mesmo sem enviar um deportado sequer.
A imigração se tornou uma questão política importante no Reino Unido desde que este deixou a União Europeia (UE) em 2020.
Para Starmer, um elemento-chave na política para impedir a chegada de migrantes em situação irregular seria a criação de um novo comando de segurança fronteiriça de elite, composto por especialistas em imigração, com a ajuda do serviço nacional de inteligência MI5.
Mais de 13 mil pessoas chegaram à Grã-Bretanha este ano pelo Canal da Mancha, um aumento de 18% em comparação ao mesmo período do ano passado, informou o Ministério do Interior do Reino Unido em junho. Em 2023, foram registradas 29.437 chegadas por esta rota, o que representou uma redução de 36% em relação ao recorde de 45.774 pessoas em 2022.
jps (AFP, Reuters)