"Nós venceremos", diz Zelenski no 2° aniversário da guerra

Em discurso ao lado de líderes ocidentais, presidente ucraniano diz que conflito deve terminar com uma "paz justa". "Qualquer pessoa normal deseja que a guerra termine. Mas ninguém permitirá o fim da Ucrânia", disse.

Por Deutsche Welle

O presidente Volodimir Zelenski afirmou neste sábado (24/02), dia em que a guerra travada pela Ucrânia completa dois anos, que seu país vencerá os invasores russos, apesar dos avanços recentes das tropas de Moscou e da redução do apoio ocidental.

"Nós estamos lutando por isto durante 730 dias de nossas vidas. E nós venceremos, no melhor dia das nossas vidas", afirmou Zelenski em um evento ao ar livre no aeroporto de Gostomel, perto de Kiev.

"Qualquer pessoa normal deseja que a guerra termine. Mas ninguém permitirá o fim da Ucrânia", declarou o líder ucraniano, antes de enfatizar que a disputa deve terminar nos "termos" da Ucrânia e com uma paz "justa".

O presidente ucraniano discursou ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que afirmou que a UE continua firme em seu apoio a Kiev.

"Hoje estamos aqui para dizer que a Europa estará ao seu lado pelo tempo que for necessário, com mais apoio financeiro, mais munição, mais treinamento para suas tropas, mais defesas aéreas e mais investimentos no setor de defesa na Europa e na Ucrânia", anunciou Von der Leyen.

"Vocês salvaram seu país. Vocês salvaram toda a Europa. E hoje estamos aqui, procedentes de toda a Europa e do mundo, para prestar homenagem à sua valentia. Em terra, vocês expulsaram a Rússia da metade dos territórios que ela havia capturado. No mar, vocês expulsaram a frota russa e reabriram um corredor marítimo para o mundo. E no ar, suas defesas se tornaram incrivelmente eficazes. Vocês estão protegendo seu povo dos mísseis e drones russos. E, somente na última semana, vocês derrubaram sete caças russos", enfatizou Von der Leyen.

Também compareceram ao evento os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau; da Itália, Giorgia Meloni; e Bélgica, Alexander de Croo; que visitam Kiev para expressar apoio ao país no aniversário de dois anos do conflito.

Meloni presidiu em Kiev uma reunião virtual do G7 sobre a Ucrânia, que examinará uma nova série de sanções contra Moscou, depois das medidas anunciadas recentemente por Estados Unidos, UE e Reino Unido

A chefe de governo italiana também assinou com o presidente ucraniano um acordo bilateral de segurança, similar aos que Kiev anunciou nas últimas semanas com Reino Unido, Alemanha, França e Dinamarca.

"A luz sempre prevalece sobre as trevas", afirmou algumas horas antes o comandante das Forças Armadas ucranianas, general Oleksander Sirski.

Dois anos de conflito

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, esperava ocupar a capital Kiev em poucos dias quando ordenou a mais recente invasão, em 24 de fevereiro de 2022. Mas as tropas de seu país, muitas desmotivadas e mal equipadas, sofreram inicialmente derrotas humilhantes para a resistência ucraniana. No período, os russos também foram acusados de cometer inúmeros crimes de guerra nos territórios ocupados.

A Ucrânia, por sua vez, teve seus planos frustrados em 2023 com o fracasso de uma grande contraofensiva no verão (hemisfério norte, inverno no Brasil). Atualmente, o Exército de Kiev enfrenta escassez de soldados, munições e de baterias antiaéreas.

Armamento é prioridade

Apesar da presença de vários líderes ocidentais neste sábado em Kiev, a Ucrânia enfrenta alguns sinais desanimadores por parte do seu principal aliado: os EUA. No momento, um pacote bilionário de ajuda dos Estados Unidos segue congelado pelos opositores republicanos do presidente, Joe Biden. Além disso, a assistência da União Europeia enfrenta atrasos.

Zelenski afirmou na sexta-feira que as decisões sobre a entrega de ajuda militar devem ser "a prioridade".

A Rússia prossegue com os ataques contra cidades ucranianas com mísseis e drones. Três pessoas morreram durante a madrugada em Dnipro e Odessa, segundo as autoridades locais.

A Ucrânia anunciou que atingiu uma das maiores siderúrgicas russas, em um ataque com drones na região oeste de Lipetsk.

O Reino Unido anunciou neste sábado um pacote de 245 milhões de libras (R$ 1,54 bilhão) a Kiev para estimular a produção de armas e mais 8,5 milhões de libras (R$ 53,8 milhões) em ajuda humanitária.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que Kiev e os aliados não devem perder a esperança porque "o objetivo do presidente [russo Vladimir] Putin de dominar a Ucrânia não mudou".

Ao desembarcar em Kiev, Von der Leyen, presidente do Executivo europeu, destacou a "resistência extraordinária do povo ucraniano" e afirmou que o bloco apoiará a nação "até que o país seja finalmente livre".

Lado russo

Ao mesmo tempo, a Rússia celebra o aumento das ações na frente de batalha e reivindicou vitórias como a tomada de Avdiivka, no leste do país, em 17 de fevereiro, após meses de combates violentos.

As tropas russas também passaram à ofensiva em outra área da região leste, nas proximidades Mariinka.

"Hoje, em termos de proporção de forças, a vantagem está do nosso lado", afirmou o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, durante uma visita às tropas neste sábado.

Putin ainda parabenizou na sexta-feira o que chamou de "heróis" de seu Exército que lutam na Ucrânia. Quase 500.000 pessoas se alistaram nas Forças Armadas em 2023 e outras 50.000 em janeiro, enquanto a economia do país foi orientada para apoiar a máquina de guerra.

A oposição russa foi dizimada pela repressão do Kremlin e recentemente sofreu um duro golpe com a morte de seu principal líder, Alexei Navalny, em 16 de fevereiro em uma prisão na região do Ártico.

Neste sábado, a polícia russa prendeu várias pessoas, incluindo jornalistas, durante uma manifestação de esposas de soldados russos que exigem o retorno dos militares que estão na batalha da Ucrânia.

Todos os sábados, esposas dos soldados depositam flores no túmulo do soldado desconhecido, uma ação simbólica perto do muro do Kremlin, conhecida como movimento "Put Domoi" (caminho para a casa, em russo).

Ao comentar as sanções que isolaram a Rússia do mundo ocidental, o ex-presidente russo e atual número dois do Conselho de Segurança, Dmitri Medvedev, afirmou que o país se vingará das medidas.

"Temos que nos recordar e nos vingarmos deles sempre que possível. São nossos inimigos", escreveu no Telegram após as novas restrições anunciadas nos últimos dias por Estados Unidos, UE e Reino Unido.

jps (AFP, EFE, ots)

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