Escritora sul-coreana Han Kang vence o Nobel de Literatura

Segundo o comitê, Han foi escolhida "por sua prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana". Ela é a primeira mulher asiática a ganhar o prêmio

Por Deutsche Welle

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Escritora Han Kang, vencedora do Nobel
Yonhap via REUTERS

A escritora sul-coreana Han Kang foi laureada com o Prêmio Nobel de Literatura nesta quinta-feira (10/10), anunciou a Academia Sueca, em Estocolmo.

O prêmio é atribuído à pessoa que "tiver produzido no campo da literatura o trabalho mais notável". Cada vencedor recebe 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5,3 milhões).

Segundo a Academia, Han foi escolhida "por sua prosa poética intensa que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana."

"Em sua obra, Han Kang confronta traumas históricos e conjuntos de regras invisíveis e, em cada um de seus trabalhos, expõe a fragilidade da vida humana. Ela tem uma consciência única das conexões entre o corpo e a alma, os vivos e os mortos e, com seu estilo poético e experimental, tornou-se uma inovadora na prosa contemporânea", escreveu a Academia.

Kang é a primeira mulher asiática a ganhar o prêmio. Ela também é a segunda sul-coreana a ganhar o Prêmio Nobel em qualquer categoria – o primeiro foi o ex-presidente Kim Dae-jung, vendeor do Nobel da Paz em 2000.

Quem é Han Kang

Han Kang nasceu em 1970, na Coreia do Sul, na cidade de Gwangju. Aos nove anos de idade, ela se mudou para a capital Seoul.

Ela tem sido aclamada pela crítica em seu país natal desde 1995 e foi duas vezes vencedora do Prêmio Internacional Man Booker: em 2016, com o romance A Vegetariana, e em 2018, com o romance O Livro Branco. Ambos possuem tradução para o português publicados pela Editora Todavia.

Seus romances geralmente apresentam protagonistas femininas que se sentem isoladas ou em desacordo com as rígidas normas sociais da Coreia do Sul.

Reformulação da Academia

Ela é apenas a 18ª mulher a receber o Nobel de Literatura entre os 121 laureados desde 1901. A última premiada foi a francesa Annie Ernaux, em 2022.

A Academia Sueca, organizadora do prêmio, recebe constantes críticas pelo longo histórico de premiação a homens e pela baixa representatividade geográfica dos vencedores na categoria literária. Entre os 121 ganhadores, por exemplo, 97 eram europeus.

Em 2018, a entrega do prêmio chegou a ser adiada após 18 mulheres denunciarem um membro da Academia Sueca por assédio sexual, por meio do movimento #MeToo.

Desde então, a organização prometeu dedicar maior foco à diversidade geográfica e linguística dos laureados. A proposta é parte de um longo trabalho de redefinição dos critérios para a escolha dos melhores escritores. Das 18 mulheres vencedoras, por exemplo, 9 foram laureadas nas duas últimas décadas.

Outros vencedores

Até agora, foram anunciados os vencedores do Nobel de Química - o bioquímico David Baker e os especialistas em IA Demis Hassabis e John M. Jumper por calcular estruturas proteicas tridimensionais -, o Nobel de Física, que foi para os cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton, que "usaram conceitos fundamentais da física estatística para criar redes neuronais artificiais que funcionam como memórias associativas" e o Nobel de Medicina, entregue aos americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun pela descoberta de uma nova classe de moléculas de RNA.

gq (afp, ots)

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