O Prêmio Nobel de Física de 2024 foi concedido ao americano John Hopfield e o canadense Geoffrey Hinton, por "descobertas e invenções fundamentais que possibilitam o aprendizado de máquina (machine learning) com redes neuronais artificiais", anunciou a Real Academia Sueca de Ciências nesta terça-feira (8), em Estocolmo.
Hopfield, professor da Universidade de Princeton, de 91 anos, foi destacado por criar "uma memória associativa capaz de armazenar e reconstruir imagens e outros padrões de dados".
Por sua vez, Hinton, de 76 anos, da Universidade de Toronto, "inventou um método capaz de encontrar propriedades em dados autonomamente, além de executar tarefas como identificar elementos específicos em imagens".
Alerta para riscos da nova tecnologia
Ambos "usaram conceitos fundamentais da física estatística para projetar redes neuronais artificiais que funcionam como memórias associativas, e encontrar padrões em grandes conjuntos de dados", explicou Ellen Moons, presidente do Comitê Nobel de Física. Essas redes artificiais "têm sido usadas para impulsionar a pesquisa em tópicos tão diversos como física de partículas, ciência material e astrofísica".
Neste ínterim, o aprendizado automático ou de máquina (machine learning) "se tornou parte de nossas vidas quotidianas, por exemplo, no reconhecimento facial e na tradução linguística", com John Hopfield e Geoffrey Hinton criando "as peças de montagem do aprendizado automático que pode ajudar os humanos a tomarem decisões mais rápidas e mais confiáveis", louvou Moons.
Entretanto, a cientista belga aproveitou a ocasião para registrar que o avanço veloz do aprendizado de máquina gera "apreensões sobre nosso futuro": "Os humanos arcam com a responsabilidade de usar essa nova tecnologia de modo seguro e ético."
Mais de mil laureados em 123 anos
Em 2023, o prestigioso prêmio da física, que inclui 11 milhões de coroas suecas (R$ 5,5 milhões), foi para três cientistas: a franco-sueca Anne L'Huillier, o francês Pierre Agostini e Ferenc Krausz, de origem húngara.
Juntos, eles proporcionaram a primeira visão, de uma fração de segundo, no mundo superveloz dos elétrons, através de pulsos luminosos extremamente breves. Essas partículas giram em torno do núcleo dos átomos a alta velocidade, sendo fundamentais para praticamente tudo, da química, física e dispositivos eletrônicos ao funcionamento dos organismos.
Os seis dias de anúncios do Nobel iniciaram-se nesta segunda-feira, com o da Medicina, designado aos americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun, por sua descoberta do microRNA, uma nova classe de moléculas que desempenham um papel crucial na regulação genética.
Após o de Física, seguem-se o Química, Literatura e, na sexta-feira, o da Paz. Em 14 de outubro, por fim, será anunciado o Nobel da Economia. A cerimônia de entrega, com a participação do rei da Suécia, Carl 16 Gustaf, está marcada para 10 de dezembro.
Criado pelo inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896), com base em sua fortuna pessoal, o prêmio que leva seu nome já foi concedido 622 vezes a 1.002 indivíduos e organizações, alguns mais de uma vez, entre 1901 e 2024.
av (AP,AFP,DPA,ots)