Em seu discurso de 7 de Setembro na avenida Paulista, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atacou nominalmente o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes e afirmou que nunca será preso. “Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá”, afirmou Bolsonaro.
“Quero dizer aos que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá. Aqueles que pensam que, com uma caneta, podem me tirar da presidência, digo uma coisa. Temos três alternativas, em especial para mim: preso, morto ou com vitória. Digo aos canalhas que eu nunca serei preso. A minha vida pertence a Deus, mas a vitória é de todos nós”, afirmou Bolsonaro em sua fala.
Alexandre de Moraes é o ministro do STF responsável pelo inquérito das fake news, que inclui o próprio Bolsonaro entre os investigados. Atualmente, o presidente é alvo de quatro inquéritos no Supremo: o que trata da suposta interferência do presidente na Polícia Federal; a determinação para investigar se o presidente soube de um suposto esquema de corrupção na saúde envolvendo a vacina Covaxin e não agiu; o inquérito das fake news, sobre divulgação de informações falsas; e o mais recente, sobre vazamento de informações sigilosas.
O pronunciamento manteve elevado o tom favorável a uma destituição de Moraes. Em agosto, o presidente da República chegou a entregar um pedido de impeachment do ministro ao Senado, mas o documento foi arquivado.
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Manifestações de 7 de setembro pró-Bolsonaro pelo Brasil 1/19
“Quero dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda pra se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro. Deixe de censurar", afirmou.
“Não podemos mais admitir que pessoas que agem desta maneira continuem no poder exercendo cargos importantes. Não temos qualquer critica às instituições. Respeitamos todas as instituições. Quando alguém do poder Executivo começa a falhar, eu converso com ele. Se ele não se enquadra, eu demito. Logo, um ministro que deveria elar pela nossa liberdade, pela democracia, pela Constituição, faz exatamente o contrário. Ou esse ministro se enquadra ou ele pede pra sair”, disse Bolsonaro referindo-se ao ministro do STF.
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Atos anti-Bolsonaro pelo Brasil no 7 de setembro 1/8
Sem citar nomes, Bolsonaro defendeu a libertação de “presos políticos”. Apoiadores do presidente como o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) e o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foram presos em decisões de Moraes.
“Eu falo em nome de vocês (apoiadores presentes à manifestação). Nós devemos determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade”, afirmou.
Ao longo do discurso, em especial atacando Alexandre de Moraes, Bolsonaro fez críticas indiretas a Luís Roberto Barroso e Luis Felipe Salomão – respectivamente presidente e corregedor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Novamente, o alvo foi a urna eletrônica usada nas eleições desde a década de 1990.
“Não é uma pessoa ou um tribunal que vai dizer que este processo (eleitoral) é seguro ou confiável, porque não é. Não podemos admitir um ministro do Tribunal Superior Eleitoral também, usando sua caneta, desmonetizar páginas que criticam esse sistema de votação”, afirmou.
“Nós queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública dos votos. Não podemos ter eleições que pairem dúvidas. Nós queremos eleições limpas, auditáveis e com contagem pública dos votos.”
Frente aos milhares de apoiadores, Jair Bolsonaro tentou mais uma vez motivar seus apoiadores.
“Cumprimento patriotas que estão em todos os lugares desse nosso imenso Brasil hoje, se manifestando, por liberdade. O povo acordou”, discursou, mais uma vez voltando-se a representantes do Legislativo e do Judiciário.
“O que incomoda alguns lá de Brasília é que nós começamos a mudar o Brasil. Acreditem: com vocês, nós colocaremos o Brasil no local de destaque que ele merece. Temos uma pátria que ninguém tem. E vocês sabem o que nós estamos fazendo.”