'Verdadeira amizade': Netanyahu é o 1º líder mundial a dar parabéns a Trump

Relações entre Estados Unidos e Israel, que não iam bem com o presidente Joe Biden, poderiam piorar com eventual vitória de Kamala Harris

Por Moises Rabinovici

Foto de arquivo de Benjamin Netanyahu e Donald Trump
REUTERS/Tom Brenner

Antes que os votos oficializassem o retorno de Donald Trump à Casa Branca, o amigo e primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi o primeiro líder mundial a lhe escrever: “Parabéns pelo maior retorno da história. Seu retorno é histórico e oferece um novo começo para a América e um poderoso novo compromisso com a grande aliança entre Israel e a América. Esta é uma grande vitória”. E assinou, despedindo-se: “Na verdadeira amizade”.

Com Israel em crise com a demissão abrupta do ministro da Defesa Yoav Gallant, enquanto os americanos votavam, a vitória de Trump provocou um alívio para Netanyahu e sua coligação. As relações que não iam bem com o presidente Joe Biden poderiam piorar sob Kamala Harris, e o resultado eleitoral nos EUA produziu uma mudança instantânea.  

O alívio, porém, tem mais de 70 dias pela frente: o “pato manco” Joe Biden fica no poder até 20 de janeiro, e até lá pode cobrar de Netanyahu as pequenas traições que se tornaram um voto para Trump – os obstáculos impostos ao acordo de cessar-fogo em Gaza e libertação de reféns; o fim da guerra no Líbano antes das eleições; um plano para o pós-guerra; a manutenção da ajuda humanitária aos palestinos e um caminho para a adoção da fórmula de dois estados com a qual a Palestina seria criada, então normalizando as relações sauditas-israelenses.

No primeiro mandato, Donald Trump promoveu os acordos de Abraão entre Israel, Emirados Árabes e Bahrein, desfez o acordo nuclear com o Irã, reconheceu a soberania israelense nas colinas do Golã, ocupadas da Síria na guerra dos Seis Dias, em 1967, e mudou a embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusalém. Para o novo mandato, ele promete acabar com as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia.

Demissão de ministro

O ex-ministro da Defesa Yoav Gallant falou três horas depois de demitido. Estava visivelmente emocionado. Ele disse que suas prioridades “permaneceram constantes e transparentes em quase 50 anos de serviço público: o Estado de Israel, as FDI (Forças de Defesa de Israel) e a segurança, e só depois, todo o restante, inclusive meu futuro pessoal”. Ele atribuiu a demissão à sua ordem de recrutar 7 mil jovens ultraortodoxos. Para ele é “discriminatória e corrupta” a lei que os isenta.

A birra com Netanyahu é antiga. Ela se tornou aguda quando o primeiro-ministro tentou subjugar a Suprema Corte de Justiça ao Parlamento, provocando meses de manifestações até o 7 de outubro de 2023. Gallant, do mesmo partido Likud, foi um destaque dos protestos. Ficou pior ainda quando, como ministro da Defesa, ele declarou que não era possível “uma vitória absoluta” sobre o Hamas, ao contrário do que dizia o primeiro-ministro. 

Na terça-feira, ele declarou: Israel tem a “obrigação moral e responsabilidade de trazer nossos filhos e filhas sequestrados de volta para casa o mais rápido possível, com o maior número possível de pessoas vivas para suas famílias”. E acrescentou: “Não há e não haverá expiação por abandonar os reféns. Será uma marca de Caim para a sociedade israelense e para os que lideram esse caminho errado”.

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