Netanyahu discursa nos EUA diante de protestos e boicote

Primeiro-ministro de Israel pediu apoio dos Estados Unidos na guerra em Gaza em sessão no Congresso americano; cerca de 50 democratas boicotaram discurso, e manifestantes o chamaram de "criminoso de guerra".

Por Deutsche Welle

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, defendeu nesta quarta-feira (24/07) a continuação da guerra em Gaza até a "vitória total", durante discurso no Congresso dos Estados Unidos, sob boicote de democratas.

"Israel lutará até destruir a capacidade militar do Hamas e seu domínio em Gaza e trazer todos os nossos reféns para casa", afirmou. "Isso é o que significa vitória total. E não nos contentaremos com nada menos do que isso."

Enquanto falava, protestos aconteciam do lado de fora do Capitólio, com milhares de pessoas segurando cartazes em apoio aos palestinos e contra o governo israelense.

A visita die Netanyahu a Washington ocorre em um momento de agitação política nos Estados Unidos, com a tentativa de assassinato de Donald Trump, a desistência de Joe Biden da corrida à Casa Branca e a entrada quase certa de Kamala Harris na disputa de novembro.

Foi a quarta aparição do dirigente israelense para discursar em uma reunião conjunta do Congresso americano, um recorde para um líder estrangeiro. Mas vários democratas de alto nível estavam ausentes, em protesto contra a guerra de Israel em Gaza e a crise humanitária que ela provocou.

Apoio dos Estados Unidos

Nove meses após o início da guerra em Gaza, Netanyahu falou que espera apoio dos EUA para a sua luta contra o Hamas e outros grupos armados apoiados pelo Irã.

"Os Estados Unidos e Israel devem permanecer juntos. Quando estamos juntos algo muito simples acontece: nós ganhamos, eles perdem", disse o dirigente, que usava um broche amarelo expressando solidariedade aos reféns israelenses mantidos pelo Hamas, alguns deles presentes na sessão.

Congressistas de ambos os partidos se levantaram para aplaudir o líder israelense, enquanto a segurança escoltava manifestantes na galeria, que se levantaram para exibir camisetas com slogans exigindo um acordo para cessar-fogo e a libertação de todos os reféns.

O premiê ridicularizou os manifestantes e os chamou de "idiotas úteis" para os adversários de Israel, citando o Irã.

Mais de 50 democratas e o político independente Bernie Sanders boicotaram o discurso. A ausência mais notável foi a da vice-presidente e provável candidata Kamala Harris, que atua como presidente do Senado. Ela justificou que tinha uma viagem previamente agendada. Com um tom mais crítico à guerra do que o presidente Biden, ela deve encontrar Netanyahu na quinta-feira.

A deputada Rashida Tlaib, a única congressista palestino-americana, permaneceu sentada durante o discurso e segurou um cartaz que dizia "criminoso de guerra".

O israelense também se reunirá com Biden na quinta, para discutir "a situação em Gaza", "progressos em direção a um cessar-fogo" e "um acordo sobre a libertação de reféns". Ele fará ainda uma viagem na sexta-feira para Mar-a-Lago, Flórida, a convite de Trump, com quem tem uma relação próxima.

Netanyahu não viajou a Washington a convite da Casa Branca, mas dos líderes republicanos do Congresso. Democratas se juntaram ao convite, com ressalvas.

Milhares de manifestantes se reuniram perto do Congresso com cartazes pedindo aos Estados Unidos para "parar a ajuda militar a Israel" e chamando Netanyahu de "criminoso de guerra".

Eles protestavam contra a morte de mais de 39 mil palestinos na guerra. Outros condenaram a incapacidade de Netanyahu de libertar os reféns israelenses e americanos tomados pelo Hamas e outros militantes durante o ataque de 7 de outubro, que desencadeou a guerra.

sf (AP, ots)

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