O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu entregou em mãos a carta de demissão ao ministro da Defesa Yoav Gallant. Entregue às 20h local (14h em Brasília), a demissão passa a vigorar em 48 horas.
A causa para demitir o ministro da Defesa enquanto Israel está em guerra, pelo que escreveu Netanyahu, é “a falta de confiança mútua”. Mas Gallant, na segunda-feira, ordenou o recrutamento de 7 mil jovens ultraortodoxos, até agora isentos do serviço militar.
Os partidos ultraortodoxos são contra a convocação e dão maioria à coligação do governo. Retirando-se, derrubam Netanyahu. Gallant será substituído pelo chanceler Israel Katz, que, por sua vez, dará o lugar para o ministro sem pasta Gideon Saar.
Netanyahu escreveu na carta em que demite Gallant: “Eu gostaria de agradecer por seu serviço como ministro da defesa”.
Numa declaração em vídeo, ele acrescentou: “Infelizmente, embora nos primeiros meses da guerra houvesse confiança e houvesse um trabalho muito frutífero, durante os últimos meses essa confiança quebrou entre mim e o Ministro da Defesa”.
Para Netanyahu, o ministro da Defesa “tomou decisões e fez declarações que contradizem as decisões do governo”, o que ajudou, indiretamente, os inimigos de Israel. “Fiz muitas tentativas de preencher essas lacunas, mas elas continuaram ficando mais largas”.
E mais: “Elas também chegaram ao conhecimento do público de uma maneira inaceitável e, pior do que isso, chegaram ao conhecimento do inimigo - nossos inimigos gostaram e derivaram muitos benefícios”.
Netanyahu diz que a maioria dos ministros do governo concorda com ele.
Centenas de manifestantes começaram a sair às ruas em Israel protestando contra a demissão de Yoav Gallant. Uma barricada foi levantada diante da casa de Netanyahu em Jerusalém e do Ministério da Defesa, em Tel-Aviv. Na última vez que houve uma tentativa de demitir Gallant, o primeiro-ministro foi obrigado a voltar atrás, no ano passado.
O líder da oposição, Yair Lapid disse que a demissão de Gallant no meio de uma guerra “é uma loucura”. Ele tuitou pedindo protestos nas ruas.
“Netanyahu está vendendo a segurança de Israel e os combatentes das Forças de Defesa de Israel por [sua própria] sobrevivência política vergonhosa. O governo de extrema-direita prefere os desertores àqueles que servem”.
O Movimento pelo Governo de Qualidade em Israel pediu ao Procurador-Geral Gali Baharav-Miara que “intervenha imediatamente e examine a legalidade” da decisão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de demitir o ministro da Defesa Yoav Gallant.
Em um comunicado, diz que a demissão é “um movimento político que coloca interesses pessoais e políticos acima do bem do estado e da segurança de seus cidadãos”.