Multipolaridade: Perspectivas para o Futuro e Ações da China e do Brasil

A multipolaridade é a direção e o futuro do desenvolvimento mundial

Yu Peng - Cônsul-Geral da China em São Paulo

Multipolaridade: Perspectivas para o Futuro e Ações da China e do Brasil
Perspetivas para o Futuro e Ações da China e do Brasil
Alan Santos/PR

A queda do Muro de Berlim não deteve os ventos da mudança, mas os tornou ainda mais fortes, dando origem a uma grande transformação no mundo atual, que não era vista já há um século. 

O que o mundo se tornará e o que o mundo deveria se tornar são questões que geram grande preocupação em todos os membros desta aldeia global. 

Para construir um sistema de governança global mais justo e razoável, a China apresentou ao mundo o conceito de construção de uma comunidade de futuro compartilhado para humanidade e defendeu um mundo multipolar, igualitário e ordenado, uma visão e resposta baseadas na sabedoria de 5.000 anos da civilização chinesa e em uma análise profunda da atual situação internacional.

A multipolaridade é a direção e o futuro do desenvolvimento mundial. No século passado, o mundo testemunhou os horrores de duas guerras mundiais, experimentou o declínio do mundo bipolar e não apenas sofreu, como ainda sofre, com a turbulência sob a hegemonia de uma única superpotência. 

A história não chegou ao fim, de forma que esta roda ainda está girando. Especialmente no século XXI, a ascensão conjunta dos mercados emergentes e países em desenvolvimento, incluindo a China e o Brasil, levou a tendência da multipolaridade mundial a se aprofundar cada vez mais. 

A multipolaridade incorpora a busca dos povos de todo o mundo pela democratização das relações internacionais, atendendo à necessidade profundamente enraizada de defender a equidade e a justiça e promover a cooperação ganha-ganha. 

Além disso, ela também contribui para a reforma e aprimoramento do sistema de governança global, uma vez que esta não é apenas a tendência geral do desenvolvimento histórico, mas também a expectativa geral da comunidade internacional.

A multipolaridade mundial deve ser igualitária. Os assuntos internacionais devem ser debatidos por todos os países em conjunto, e o futuro e destino do mundo devem ser definidos conjuntamente por todos os países. Não se pode mais permitir que indivíduos ou mesmo algumas poucas grandes potências monopolizem os assuntos internacionais. 

Não se pode mais permitir que os países sejam divididos em classes, com base em sua suposta força internacional. Não se pode mais permitir que uma minoria defina quem é mais forte e quem é mais fraco. Não se pode mais permitir que, enquanto alguns países estão sempre à mesa, outros estejam sempre no cardápio. 

É necessário refletir a igualdade de direitos, oportunidades e regras para todos os países, de modo que sua soberania e dignidade, independentemente de seu tamanho, força ou riqueza, sejam respeitadas. 

Apenas assim, será possível que eles sejam tratados igualmente, desfrutem de seus direitos e desempenhem seus papéis no processo de multipolarização.

A multipolaridade mundial deve ser ordenada. Todos os países devem agir dentro do sistema internacional tendo em seu centro as Nações Unidas, cooperando no processo de governança global, abandonando o unilateralismo, o hegemonismo, a lógica do conflito e o protecionismo, promovendo assim a justiça internacional. 

Devemos cumprir conjuntamente os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e aderir às normas básicas e universalmente acordadas do direito internacional. 

Devemos praticar conjuntamente o multilateralismo genuíno, promovendo a governança global com base no entendimento e compartilhamento comuns e fazendo da multipolaridade um processo histórico no qual a comunidade internacional une forças para enfrentar os desafios de seu tempo e alcançar o desenvolvimento e prosperidade comuns.

A China e o Brasil são os maiores países em desenvolvimento respetivamente nos hemisférios oriental e ocidental, de forma que ambos também representam importantes mercados emergentes e membros-chave do "Sul global", compartilhando entre si uma ampla gama de interesses e responsabilidades de desenvolvimento. 

Desde que, há meio século, ambos os países estabeleceram relações diplomáticas, e especialmente nos últimos 30 anos, com o estabelecimento de sua parceria estratégica, seu relacionamento bilateral resistiu a todos os tipos de turbulências, tornando-se cada vez mais maduro e estável e alcançando resultados ainda mais frutíferos. 

No ano passado, o presidente Xi Jinping e o presidente Lula se reuniram e dialogaram em diversas ocasiões, guiando as relações China-Brasil rumo a um novo futuro estratégico e injetando um forte impulso na expansão e aprofundamento da cooperação entre ambos os países em diversas áreas. 

Como o Brasil assumiu a presidência do G20 em 2024, a China espera trabalhar com ele para implementar o importante consenso de ambos os chefes de Estado, acelerar o acoplamento de suas estratégias de desenvolvimento e promover a qualidade e atualização de sua cooperação bilateral.

“Aqueles que estão cientes da situação são sensatos, e aqueles que seguem tendências são sábios”. A construção de um mundo multipolar, equitativo e ordenado atende às aspirações universais da maioria dos países e povos e aponta o caminho para que a comunidade internacional supere o caos, rumo à paz e estabilidade de longo prazo. 

No caminho para preservar a paz mundial e promover o desenvolvimento comum, a China e o Brasil são companheiros de viagem e bons parceiros. 

Ambos os países podem fortalecer ainda mais a comunicação e coordenação no âmbito das Nações Unidas, da OMC, dos BRICS, do G20 e de diversas outras organizações, contribuindo assim para a erradicação da pobreza, o enfrentamento às mudanças climáticas, a promoção do desenvolvimento sustentável e a resolução pacífica das questões internacionais e regionais de hotspot. 

Além disso, também para o aprofundamento da reforma do sistema de governança global, a mobilização de esforços para salvaguardar o multilateralismo genuíno, e o impulsionamento do desenvolvimento da ordem internacional em uma direção mais justa, equitativa e razoável. 

Apenas assim, será possível darmos as mãos para promover a multipolaridade igualitária e ordenada do mundo e construir um futuro compartilhado. A política internacional de desenvolvimento é a base da multipolaridade mundial e da construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.

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