Depois do surto de virose, agora é a presença de ratos e baratas nas praias que preocupa turistas e moradores de Praia Grande, na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Uma banhista publicou um vídeo nas redes sociais na sexta-feira, 11, mostrando ratos mortos e baratas na faixa de areia da Praia do Boqueirão.
A prefeitura de Praia Grande afirmou que a limpeza e o recolhimento de lixo é feito diariamente. O local é considerado impróprio para banho, segundo o monitoramento semanal da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). O órgão, porém, disse que não há relação entre a presença de roedores e insetos e a balneabilidade.
Os roedores aparecem nas imagens cercados de lixo e baratas mortas. "Fora toda a sujeira, agora são ratos. Olha o tamanho do bicho. Temos ratos também agora na areia. Ratos e baratas", diz a mulher no vídeo.
No último dia 6, outro vídeo mostrou grande quantidade de baratas mortas na Praia do Canto, outra praia da cidade turística que também figura na lista de impróprias para banho.
O surto de virose, causado pelo norovírus, atingiu principalmente as cidades de Praia Grande e Guarujá. A origem ainda é investigada, mas as análises de amostras de água potável da região não apontaram a presença do microrganismo na água.
Os ratos são potenciais transmissores de doenças que podem ser graves, como leptospirose, peste bubônica, tifo, salmonelose e hantavirose. Em novembro de 2023, um adolescente de 15 anos morreu após contrair leptospirose em Praia Grande. Ele permaneceu internado cinco dias no Hospital Beneficência Portuguesa, onde morreu. Na ocasião, a família não soube informar o local onde o garoto teria se infectado.
Prefeitura pede colaboração dos frequentadores
A prefeitura de Praia Grande diz fazer a limpeza e recolhimento de lixo das praias e dos bairros diariamente. Também procede à desratização, processo de eliminação e contenção de roedores. O registro feito pela banhista está sendo monitorado pela administração municipal.
Conforme a prefeitura, a população também deve colaborar, evitando jogar lixo nas áreas públicas. "Essa ação indevida acaba colaborando para a proliferação de pragas urbanas e roedores", acrescentou em nota.
Já a Cetesb afirma que o principal indicador de qualidade da água é a concentração de coliformes fecais. "A presença de insetos e roedores nas praias é uma questão de limpeza pública, sob responsabilidade da administração municipal", diz, em nota.
Segundo a agência, o governo de São Paulo apoia com ações de educação ambiental, como o projeto Verão no Clima, que vai levar informação e conscientização à cidade de Praia Grande em fevereiro, com atividades junto aos banhistas.
Praias de Santa Catarina e Rio também sofreram com roedores
A presença de ratos é registrada com frequência nas praias brasileiras. Em janeiro do ano passado, uma banhista flagrou um bando de roedores durante a noite, na Praia de Itapema, um dos endereços turísticos mais procurados no litoral norte de Santa Catarina. O vídeo, divulgado em redes sociais, mostra roedores passeando pela faixa de areia. Outros turistas registraram cenas iguais na virada do ano de 2023 para 2024. Na época, a prefeitura anunciou uma força-tarefa para limpar e desratizar a praia.
Em março do ano passado, banhistas registraram uma infestação de ratos na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Os roedores estavam entre os postos 8 e 9 da Avenida Vieira Souto, revirando lixo e embalagens de isopor. A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) realizou ações para erradicar os roedores e fiscalizar o descarte irregular de lixo.
Nos últimos três anos, houve registros de ratos na Praia do Futuro, em Fortaleza, no Ceará; na Praia da Paciência, no Rio Vermelho, bairro de Salvador, na Bahia; e nas praias de Pina, Brasília e Boa Viagem, na zona sul de Recife. Nas três capitais, órgãos da prefeitura realizaram ações de desratização. A presença de roedores pode estar relacionada aos restos de alimentos deixados na areia por banhistas.
Conforme o Ministério da Saúde a leptospirose é causada pelo contato com bactérias presentes na urina de roedores (rato, ratazana e camundongo), que normalmente se espalham pela água suja das enchentes, de lama e de esgotos. Os primeiros sintomas da doença são febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. Em caso de suspeita, o atendimento médico deve ser imediato.